A complexidade das coisas simples

20 janeiro 2010


Uma vez conheci um maluco. Era físico, acho. Não lembro bem. Tinha idéias que me pareciam loucura, afinal eu não as compreendia. Sabem como é, normalmente quando não compreendemos o que as pessoas dizem, a tendência é imaginarmos que se tratam de loucuras, divagações absurdas.

Pois bem, esse cara dizia que tudo que é simples na verdade é complexo. O exemplo clássico era a fechadura, o abrir a porta. Ele perguntava: "não é simples abrir a porta?". Então dizia: "porém, o processo do desenvolvimento da fechadura é muito complexo". Ou seja - dizia ele - o simples fato de abrir uma porta, comporta um nível de complexidade que não é perceptível na ação de abrir a porta, mas, se refletirmos sobre o processo que levou até o ato de abrir a porta, veremos que de fato ele é complexo.

Loucura? pode ser. Um blá, blá, blá que não leva a lugar nenhum? Cheguei a pensar assim.

Hoje estou no processo de retirada das fraldas da Mariana, como já disse em outro post. Pois bem, nesses dias tenho pensado muito naquele cara. Ele tinha razão! Vejam: vocês não acham tão simples ter vontade de fazer xixi ou cocô, dirigir-se até o banheiro e simplesmente fazê-los? Se responderam sim, é porque nunca refletiram sobre o processo que nos leva até lá.

Uma criança que usa a sua fralda, desde de seu nascimento, de repente percebe que a fralda não está lá por acaso, percebe que ela "faz uma aguinha", como disse a Mariana surpreendida quando fez xixi pela primeira vez no penico. Então, ela precisa compreender como prever a vontade de fazer xixi, precisa compreender que deve deixar o brinquedo de lado por um instante para ir ao banheiro e que não pode mais "resolver" a coisa ali mesmo como fazia antes.

Posso garantir pra vocês que o simples processo de ir ao banheiro realmente é muito, muito complexo.

1 Comente aqui:

Clarissa disse...

Realmente não é um processo simples, mas é muito legal acompanhar esse crescimento.