Bodas de Cerâmica

27 setembro 2011


Amanhã, dia 28/09/2011, eu e a Clarissa comemoramos as nossas Bodas de Cerâmica (foi o que encontrei na internet), pois estaremos celebrando nove anos de casados. Eu estava aqui pensando o que escrever sobre esses nove anos e, ao me deparar com o nome desiginado às comemorações de 9 anos de casamento, vi que seria uma possibilidade interessante de dizer algumas coisas.
A Cerâmica, é fruto de um processo interessante. Molda-se a argila. Depois, essa peça moldada é submetida a um processo lento de secagem à sombra, para retirar a maior parte da água e, em seguida, é submetida a altas temperaturas, o que lhe dará rigidez e resistência. Creio que o casamento é algo parecido com esse processo.
Primeiro nos conhecemos lá em julho de 1993, começamos a namorar em novembro, noivamos alguns anos mais tarde, casamos em 2002, em 2007 nasceu a Mariana. Passamos aqueles anos de namoro moldando essa "peça" em argila, mas aquela peça ainda era frágil, maleável. Então, aos poucos, fomos deixando a água secar até que pudéssemos submetâ-la às altas temperaturas do casamento, e hoje, somos esse "objeto" rígido e resistente, capaz de suportar a poeira do tempo, o desgaste natural do dia-a-dia, mas guardando consigo a beleza e a essência moldada no passado, mesmo com as lascas que vão aparecendo no decurso do tempo, pelo uso intenso, as quais são guardadas e lembradas como cicatrizes de guerras que passaram e que foram aprendizado.
A nossa história é assim. Fomos construindo juntos esse pote de barro que se tornou pra nós um baú de experiências boas e ruins, todas vivenciadas na direção do amor, do respeito, da entrega, do serviço, do perdão. Amanhã completamos 9 anos desse lindo pote, em que cada lasca, cada arranhão em sua superfície, é uma lembrança bonita, uma experiência vivida com amor.
Clarissa, felicidades para nós. Que consigamos continuar mantendo o nosso "pote" sempre cheio de amor, entregando a Deus nossas dificuldades e batalhando a cada dia pela felicidade da nossa família. Obrigado por me amar, por me aturar, por me sustentar, por me fazer melhor a cada dia. Te amo cada dia mais.

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Reflexão: Paternalismo + Individualismo + Jeitinho Brasileiro

23 setembro 2011


   Editado em 24/04/2012: Novo título do post recomendade pelo professor Diego Canabarro: "Da ingovernabilidade no Estado brasileiro: os efeitos de uma população ingovernável"

   Ontem foi o meu primeiro dia de aula no Pós em Gestão Pública, lá na UFRGS. Estávamos conversando sobre o Estado, seu tamanho, diferença entre público e privado, quando o prof. Eugenio Lagemann nos lançou uma reflexão sobre a característica do povo brasileiro em reclamar demasiadamente de tudo que se relaciona com o setor público, de não colaborar com o sistema e, consequentemente, com a sociedade. Fiquei pensando, afinal, quais as principais causas desse comportamento. Aqui, pretendo tratar de três delas: o paternalismo, o individualismo e o jeitinho brasileiro. 
   Quando falo em paternalismo, por óbvio, não estou tratando objetivamente do paternalismo, mas das consequências que esse fenômeno (se é que posso chamá-lo assim) ainda nos traz nos dias de hoje. O brasileiro continua tendo de forma muito forte em sua cultura, a idéia de que o Estado é aquele ente que tem o papel de dizer o que é bom pra mim e ainda me fornecer esse "bem". De uma certa forma, entendo que meus problemas, minhas dificuldades, tem soluções que não me dizem respeito, das quais não tenho responsabilidades, ou seja, não preciso, não devo e não quero me envolver com a solução dessas questões.
   O individualismo soma-se a esta concepção proveniente do paternalismo e a exacerba. Percebam que a priori o individualismo é contraposto ao paternalismo. Porém, o individualismo que falo, é uma nova forma de individualismo que estamos experimentando no nosso tempo, em que o indivíduo não mais busca a liberdade e a responsabilidade pelos seus atos, assumindo deveres e direitos, mas busca apenas realizar os seus projetos, sem qualquer comprometimento com os projetos coletivos e, ainda, eximindo-se das suas responsabilidades com eles (deveres) e exigindo cada vez mais os seus direitos.
   Soma-se a isso, ainda, o nosso tão famoso "jeitinho brasileiro". Aquele que ainda hoje é cantado em prosa e verso como sendo uma virtude do brasileiro e que, na minha opinião, é um dos maiores malefícios da nossa sociedade. O jeitinho brasileiro é o veículo para a legitimação desse individualismo paternal (se é que podemos chamar assim). O cidadão, através do jeitinho brasileiro, conforma-se com a prática de pequenos delitos, que são até considerados inofensivos em grande parte das vezes.
   Não sei o que pensam sobre isso (gostaria que comentassem e me ajudassem a refletir) mas creio que são nesses pontos que precisamos atuar para que modifiquemos a forma de enxergar o Estado e suas responsabilidades.

4 anos de Mariana

13 setembro 2011

Nascimento da Mariana
1 aninho da Mariana
2 aninhos da Mariana
3 aninhos da Mariana

     Ainda me lembro bem daquele 14 de setembro de 2007. Acordamos cedo para ir ao Hospital (infelizmente não deu pra a Mariana nascer pelo parto normal, pois a Clarissa teve diabestes gestacional, o que no fim até se mostrou benéfico, pois a Clarissa se cuidou muito e fez tudo direitinho durante a gravidez). O horário marcado era 6h daquela sexta-feira. Lembro que quando saímos de casa ainda era escuro. Estávamos felizes, radiantes, mas muito nervosos e ansiosos. Aquele era o dia tão esperado, tão sonhado. Um dia que foi gestado em nossas mentes e corações (e de muitos outros que vivem perto de nós) durante os quase 9 meses que antecederam aquele momento. Eu não sabia bem o que viria, como seria minha vida depois daquele dia. Não tinha certeza de nada além da única certeza que me invadia a alma: eu era a pessoa mais feliz do mundo.
     A Mariana nasceu, os anos foram passando e aquela certeza mudando. Hoje, a única certeza que tenho é que sou a pessoa mais feliz do que a pessoa mais feliz do mundo. Não há como explicar o amor sentido por um pai (pelo menos o que eu sinto é assim). A explicação do amor paterno é como uma prolixidade às avessas, pois a explicação do amor paterno trata-se de um excesso de ideias exprimidas em poucas palavras. Não há concisão no amor.
     Os que conhecem a Mariana vão entender bem o que estou escrevendo aqui. A Mariana é uma criança alegre, amante da vida, que gosta de partilhar seus momentos com os outros, que entrega seu amor gratuitamente aos que se aproximam dela, que cuida e cultiva aqueles que se aproximam dela, que tem interesse no outro, que não tem vergonha de demonstrar o que sente, que não tem qualquer tipo de preconceito. Claro que sei e conheço os seus defeitos, mas prefiro exaltar aquilo que pra mim supera qualquer defeito e qualquer dificuldade: a capacidade de amar.
     Nesses quatro anos de vida da Mariana, creio que eu também aprendi muito sobre tudo isso que escrevi sobre ela. Na verdade, tenho certeza que aprendo muito mais sobre a vida e sobre o amor com a Mariana do que ela aprende comigo. Nós dois (e aqui falo muito em nós dois, porque é um relato de pai, mas sempre que digo dois, leia-se três, pois a Clarissa é parte integrante disso tudo também) temos aproveitado muito a nossa convivência, pois temos sido capazes de permitirmo-nos experenciar sem medo da consequência que essa experiência possa nos causar, mas sendo capazes de parar para pensar e entender os efeitos dessas transformações. Parece algo complexo para uma criança de apenas 4 anos, eu sei, mas é exatamente assim que enxergo a caminhada da Mariana. Espero que ela continue vivendo essa liberdade de pré-conceitos e seja capaz de constriuir seus próprios conceitos e valores, a partir daquilo que recolhe de suas experiências e, porque não, das observações que faz das vivências daqueles que estão próximos.
     Minha filha, um feliz aniversário e que Deus continue sempre te abençoando.