Reflexões sobre a música católica

27 dezembro 2012



Tenho pensado muito sobre a nossa música católica nos últimos tempos. Na verdade a reflexão é sobre o comportamento que nós, crentes, tomamos frente às pessoas que nos cercam. Na verdade há algo que me incomoda muito. Algo que pra mim não “fecha”, não faz sentido. Aqueles que frequentam os grupos da Igreja vão entender o que estou falando.
Nós que fazemos parte da Igreja Católica temos uma mania de nos colocar a parte do “resto” do mundo. Fala-se do que é de Deus e o que é do Mundo; as coisas de Deus e as coisas do Mundo. Afinal, que tipo de cristãos somos quando nos apartamos do mundo? Que motivo há para sermos de Deus se nos colocamos fora do mundo? Cristo veio ao mundo, viveu e morreu na cruz para salvar o mundo, não para salvar “apenas” os crentes. Cristo nos envia ao mundo para pregar a boa nova, para mostrar ao mundo que é possível viver um mundo de amor, de perdão. O mundo faz parte das “coisas de Deus”!
E o que afinal isso tem a ver com a música católica? Simples, pois assim nós também nos apartamos do mundo musical para viver o nosso próprio mundo musical. Acontece que quando nos apartamos do mundo e damos as costas para o que acontece no cenário musical, nós corremos o sério risco de manter o nosso mundo limitado, cheio de vícios, que só faz sentido para aqueles que o conhecem, que não agrega, não traz pra perto novas pessoas, não evangeliza.
 
A música indiscutivelmente serve como um primeiro contato com aquele que chega num território desconhecido. É a forma mais eficaz de ambientar qualquer cenário. Por isso, a importância da música católica ter a necessidade de dialogar com a música popular, música clássica, etc. Afinal, através da música queremos trazer às pessoas a boa nova. Queremos apresentar a nossa salvação através de nossa música. É claro que fazemos música católica para os católicos, mas creio que devemos fazer música católica também para aqueles que ainda não conhecem Cristo, para aqueles que estão sedentos dele. Porém, precisamos nos aproximar dessas pessoas, precisamos achar algo que gere nelas interesse em nos escutar.
O padre Fábio de Melo faz isso muito bem. Faz isso através da linguagem poética, mas também buscando algo que crie afinidade com quem o escuta. Não é a toa que em todo o CD do padre Fábio há pelo menos uma canção “não católica”. Não é sem motivo (penso eu) que ele faz isso. Creio que é um movimento inteligentíssimo de ir ao encontro daquele que queremos alcançar. Ele apresenta algo para que a pessoa se sinta confortável e depois diz o que quer dizer. Além disso, ainda consegue fazer com que aqueles que já consomem música católica façam um movimento diferente e apreciem a música que não é católica com uma visão menos apressada, compreendendo que dali também podemos encontrar coisas bonitas, palavras importantes, de Deus. Quero que as pessoas ouçam o que tenho a dizer, mas pra isso é necessário que tenham interesse em me ouvir. Porém, quanto mais eu delimito o “meu” mundo, mais eu me afasto daqueles que não fazem parte dele.
Eu não quero dividir os mundos. Quero ser cristão e viver no mundo como cristão, dialogar com aqueles que não professam a minha fé, sem precisar “abrir e fechar portais” que me fazem agir de maneira diferente, a medida em que estou neste ou naquele “mundo”. Quero que as pessoas tenham interesse em ouvir a minha música, em saber o que tenho a dizer, conhecer a palavra de Cristo e o amor dele por TODOS nós.
E vocês? O que pensam disso?
 
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Natal - Esperança e Sacrifício

13 dezembro 2012


Esse ano eu quero falar um pouco sobre o que celebramos no dia vinte e cinco de dezembro. Ao contrário do que alguns ainda pensam esse não é um dia de trocar presentes, se empanturrar de comida e beber até cair. Nada disso!
O dia vinte e cinco de dezembro é o dia em que celebramos o nascimento daquele se entregou ao mundo por nós. O dia do nascimento do Deus menino que escolheu estar entre nós para nos mostrar que é possível viver uma vida em que o humano e o divino se completam.
Se eu pudesse resumir o natal em duas palavras, eu diria que o Natal é esperança e sacrifício.
Esperança, porque Deus vem a nós como irmão para mostrar que acredita que é possível realizar seu plano de amor na humanidade. Esperança, porque Deus deposita em nós a expectativa de que nós sejamos protagonistas desse mundo de amor. Esperança, porque nós reconhecemos na figura de Cristo a possibilidade de realizar o divino naqueles que são humanos.
Sacrifício, porque Deus está disposto a entregar-se por inteiro por esse projeto, que somos nós. Sacrifício salvífico que nos conduz à salvação. Sacrifício que nos ensina a oferecer amor ao outro; oferecer o que temos de melhor pela humanidade. Esse não é um sacrifício que faz mal, que cansa, que aniquila o que se sacrifica, pois aquele que se dá, aquele que se entrega, faz isso motivado pelo amor e entregar amor ao outro nunca gera mal, nunca gera cansaço, nunca gera perda.
Há uma linda música da Ziza que sempre me emociona e que traduz bem o que quero dizer. Ela diz assim: “não existe amor maior / que a coragem de dizer / que um dia / se preciso for / dou minha vida por você”. Essa é a expressão maior do amor, que ao mesmo tempo é esperança e sacrifício e que se apresenta a nós a partir do nascimento do menino Jesus, o único e fundamental motivo de celebrarmos o Natal.
Como diz a música do Grecco, rogo a Deus que eu seja capaz de abrir meu coração e minha vida, para neste vinte e cinco de dezembro Deus “nascer e ser Natal” em mim e que eu seja capaz de viver a esperança e o sacrifício da realização do projeto de amor de Deus para cada um de nós! Que a cada dia eu seja mais capaz de entender e viver a frase profética da Mariana que diz: “pai, eu amo todo mundo que eu conheço e todo mundo que eu não conheço também!”
Feliz Natal!

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