Tenho pensado muito sobre a nossa música católica nos
últimos tempos. Na verdade a reflexão é sobre o comportamento que nós, crentes,
tomamos frente às pessoas que nos cercam. Na verdade há algo que me incomoda
muito. Algo que pra mim não “fecha”, não faz sentido. Aqueles que frequentam os
grupos da Igreja vão entender o que estou falando.
Nós que fazemos parte da Igreja Católica temos uma mania de
nos colocar a parte do “resto” do mundo. Fala-se do que é de Deus e o que é do
Mundo; as coisas de Deus e as coisas do Mundo. Afinal, que tipo de cristãos
somos quando nos apartamos do mundo? Que motivo há para sermos de Deus se nos
colocamos fora do mundo? Cristo veio ao mundo, viveu e morreu na cruz para
salvar o mundo, não para salvar “apenas” os crentes. Cristo nos envia ao mundo
para pregar a boa nova, para mostrar ao mundo que é possível viver um mundo de
amor, de perdão. O mundo faz parte das “coisas de Deus”!
E o que afinal isso tem a ver com a música católica?
Simples, pois assim nós também nos apartamos do mundo musical para viver o
nosso próprio mundo musical. Acontece que quando nos apartamos do mundo e damos
as costas para o que acontece no cenário musical, nós corremos o sério risco de
manter o nosso mundo limitado, cheio de vícios, que só faz sentido para aqueles
que o conhecem, que não agrega, não traz pra perto novas pessoas, não
evangeliza.
A música indiscutivelmente serve como um primeiro contato
com aquele que chega num território desconhecido. É a forma mais eficaz de
ambientar qualquer cenário. Por isso, a importância da música católica ter a
necessidade de dialogar com a música popular, música clássica, etc. Afinal,
através da música queremos trazer às pessoas a boa nova. Queremos apresentar a
nossa salvação através de nossa música. É claro que fazemos música católica
para os católicos, mas creio que devemos fazer música católica também para
aqueles que ainda não conhecem Cristo, para aqueles que estão sedentos dele.
Porém, precisamos nos aproximar dessas pessoas, precisamos achar algo que gere
nelas interesse em nos escutar.
O padre Fábio de Melo faz isso muito bem. Faz isso através
da linguagem poética, mas também buscando algo que crie afinidade com quem o
escuta. Não é a toa que em todo o CD do padre Fábio há pelo menos uma canção “não
católica”. Não é sem motivo (penso eu) que ele faz isso. Creio que é um
movimento inteligentíssimo de ir ao encontro daquele que queremos alcançar. Ele
apresenta algo para que a pessoa se sinta confortável e depois diz o que quer
dizer. Além disso, ainda consegue fazer com que aqueles que já consomem música
católica façam um movimento diferente e apreciem a música que não é católica
com uma visão menos apressada, compreendendo que dali também podemos encontrar
coisas bonitas, palavras importantes, de Deus. Quero que as pessoas ouçam o que
tenho a dizer, mas pra isso é necessário que tenham interesse em me ouvir.
Porém, quanto mais eu delimito o “meu” mundo, mais eu me afasto daqueles que não
fazem parte dele.
Eu não quero dividir os mundos. Quero ser cristão e viver no
mundo como cristão, dialogar com aqueles que não professam a minha fé, sem
precisar “abrir e fechar portais” que me fazem agir de maneira diferente, a
medida em que estou neste ou naquele “mundo”. Quero que as pessoas tenham
interesse em ouvir a minha música, em saber o que tenho a dizer, conhecer a
palavra de Cristo e o amor dele por TODOS nós.
E vocês? O que pensam disso?
P.S.: muitos continuam com dificuldades de comentar no blog. É simples: clique aqui abaixo, onde diz "Comente aqui". Digite o texto do comentário na caixa que abrirá. Logo abaixo da caixa, clique no item que diz "Nome/URL", digite seu nome e clique no botão "Publicar comentário". Pronto!