Racismo - estamos doentes!

07 março 2014



   Esse é um daqueles posts que escrevo sem prazer. Preferia que não fosse necessário escrever sobre isso, mas, infelizmente, ainda é.
   Fico pensando e tentando imaginar o que passa na cabeça do racista. Sinceramente faço essa reflexão, para quem sabe entender como lançar uma luz para que ele reflita e perceba o nível de falta de humanidade que esse tipo de atitude gera em si mesmo. Me envergonho da humanidade quando vejo esse tipo de fato que ocorreu em Bento Gonçalves com o árbitro Márcio Chagas da Silva. Tenho vontade de chorar cada vez que um fato desse tipo é noticiado, mas é preciso uma reflexão mais profunda. No Brasil, tudo se tolera. Toleramos a corrupção, toleramos ver seres humanos depositados nas ruas como se lixo fossem e toleramos também o racismo. Sim, toleramos o racismo!
   Por qual motivo as pessoas ainda acham engraçado as piadinhas racistas nas rodas de amigos? Por qual motivo ainda encontro pais que dizem que não aprovam o namoro de sua filha loira de olhos azuis com o menino negro? Por qual razão é preciso sublinhar quando um negro assume um posto de comando no país?
   Enganam-se os que dizem que racismo é coisa do passado. Não esqueçam que há muito pouco tempo (levando-se em consideração a história da humanidade) nós estávamos por aí subjugando os negros e os tratando pior que tratávamos os animais. E isso foi ontem. Os "valores" daqueles dias ainda seguem vivos no inconsciente coletivo. A verdade é que as pequenas atitudes racistas (se é que qualquer atitude racista pode ser pequena) são amplamente toleradas em todos os níveis.
   Por isso tudo, é compreensível que exista no Brasil um "movimento negro", com suas atitudes de auto-afirmação, etc. Porém, creio que da forma como são conduzidos no Brasil são um erro histórico, pois, de certa forma, segregam ainda mais e em muitos casos fomentam a cultura do ódio racial, dando ainda mais combustível aqueles que ainda cultivam valores racistas, mas isso sei que é uma opinião polêmica e que precisa ser trabalhada com mais vagar, o que não cabe agora nesse texto. Eu ainda prefiro os ensinamentos de Mandela, que para contrapor a discriminação racial na África do Sul, nada mais fez do que congregar, misturar e não aquilo que podia parecer óbvio e até justo, que seria seguir a segregação, apenas mudando os pólos de posição.
   O politicamente correto termo afro-descendente, por exemplo, nada mais fez do que legitimar as atitudes racistas, desde que tratadas com correção semântica.
   Creio que o que precisamos nesse momento, para curar essa chaga, é observar o ensinamento dos grupos de alcoólicos anônimos. Precisamos em primeiro lugar parar de tapar o sol com a peneira achando que apenas "bebemos socialmente" desse mal. É necessário aceitar que estamos doentes. É preciso em primeiro lugar reconhecermos que somos racistas, sim. Aí então, reconhecidamente doentes, podemos começar a tratar a ferida e então vivendo "um dia de cada vez" evitando o "primeiro gole".