Racismo, homofobia e outros absurdos

01 abril 2011

Obviamente que a imensa maioria dos brasileiros já teve acesso às declarações absurdas do Deputado Federal (PP/RJ) Jair Bolsonaro. Pois bem, eu quero falar sobre o que ele diz, mas quero falar também do que, na minha opinião, é ainda pior, da quantidade de racistas e homofóbicos que, encorajados pelas declarações do deputado, sentiram-se legitimados a sair do anonimato e demonstrar todo o seu ódio.

Vejam que vivemos em uma sociedade que ainda escraviza e que continua expulsando seus filhos e filhas de casa por conta de sua condição sexual. Não se surpreendam, pois não são poucos os que ainda ensinam seus filhos a atitudes racistas e preconceituosas como se fossem normais e naturais. Infelizmente, os negros ainda são tratados como subseres. Ainda vinculamos a cor da pele à criminalidade, promiscuidade à homosexualismo, tarefas domésticas à mulher, etc.

Eu tenho algumas opiniões sobre essas questões que quero dividir com vocês. Eu acredito que, inclusive, algumas tentativas de amenizar a discriminação, hoje são utilizadas no sentido diametralmente oposto (com o perdão da redundância) ao pretendido. Exemplo disso é o vocábulo politicamente correto afrodescendente. Chamar um negro de afrodescendente, passou a ser uma forma legítima de manter discursos racistas. Para mim, temos apenas uma raça, a raça humana. Por qual motivo preciso a todo momento indicar quem tem qual cor de pele? Só faço isso para discriminar, para separar. Somos homens e mulheres, humanos.

Outro exemplo é a utilização da expressão "opção sexual". Convenhamos, alguém acredita mesmo que alguém em sã consciência faria a "opção" em ser homosexual? Não consigo compreender isso. Quem gostaria de optar pelo sofrimento. Sim, pois os homosexuais sofrem o tempo todo. Sofrem a rejeição da família, são maltratadas na escola, nas relações de trabalho. Sofrem violência física, violência verbal. Sofrem quando seus amigos contam piadinhas, quando seus pais demonstram vergonha pela condição do filho. Pelo amor de Deus, ninguém escolhe ser homosexual. As pessoas são homosexuais e pronto. É uma condição e não uma opção. Enquanto continuarmos utilizando a expressão "opção sexual", continuaremos dando vazão a essa possibilidade das pessoas legitimarem suas atitudes homofóbicas com o argumento de "não incentivar as crianças a se tornarem homosexuais". Infelizmente ainda existem pessoas (muitas) que acreditam nisso.

Chega de racismo, chega de homofobia, chega de discriminação, chega de preconceito.

O que vocês acham?

8 Comente aqui:

DiegoL disse...

Uma das frases que gravou minha vida ao fazer o Acampamento de Casais foi a seguinte: "nossos filhos irão nos superar em tudo" "eles seguem os nossos passos".
Assim, se você fuma, seu filho poderá fumar ainda mais. Se você é racista, seu filho poderá ser ainda mais. Se você é violento, seu filho poderá ser ainda mais violento...
Temos que cuidar com o testemunho que damos não só para os filhos, mas para os amigos e familiares.
Chega de discriminação.
Por fim, demorei para entender que o homossexualismo não é opção, mas condição. E como guri nascido no interior demorei ainda mais para acolher e aceitar esses irmãos.
Enfim, espero ainda amadurecer mais sobre esses temas.
Obrigado Zuzu por esse espaço de reflexão.
abração, Diego

Anônimo disse...

Felipe, impossível não concordar contigo. Pena que a maioria das pessoas não pensem assim. Mascaram uma situação de discriminação clara vivida cotidianamente. O pior é que não fica somente nesses tipos de discriminação. Tem as pessoas portadoras de necessidades, que se quer tem garantido um dos seus maiores direitos, o de ir e vir.
Ás vezes é preciso alguns “cutucões”, como este até, para refletirmos, sair do censo comum.
Lembra uma vez que te comentei que eu não entendia o porquê das mulheres que sofrem violência doméstica, sofrerem caladas? Sem buscar os seus direitos? É meu amigo, realmente tem muita coisa envolvida, família, medo, vergonha. Agora eu entendo melhor isso. Não sofri isso, mas sei e conheço quem passou por isso. O pior de tudo é sofrer a discriminação dos órgãos que deveriam fazer a defesa dessas pessoas. Mas isso já é assunto para um outro blog, quem sabe!
Um abraço, Adrianinha.

Clarissa disse...

Felipe,
Muito bom o teu texto, tu consegui expressar muito bem tudo aquilo que conversamos ontem sobre o assunto. Ontem depois de ler aqueles comentários no FaceBook que vimos juntos, fiquei muito triste em saber que tem gente ainda tão preconceituosa por aí.Quero gritar: CHEGA DE RACISMO DE DISCRIMINAÇÃO E DE PRECONCEITO.

JU BACHILLI disse...

Acho totalmente válido teu post. Se todos respeitassem a individualidade do próximo muita coisa seria diferente e muito sofrimento seria poupado. Mas eu também vejo que as pessoas que estão às margens de serem tachadas disso ou daquilo as vezes são bem dificeis de lidar. Eu me pego muitas vezes falando em afrodescendencia ou opção sexual, não por achar correto, mas sim porque é fácil te entenderem mal. Hoje tudo é motivo pra te chamarem de preconceituoso. Se tu dizes que tal pessoa é negra (porque de fato a pessoa tem a pele negra) tu é racista. Se tu dizes que tal pessoa é gay, lésbica, bi, tu é preconceituosa... é difícil de fazer as pessoas entenderem que ser diferente e ter suas diferenças apontadas nem sempre é preconceito. As vezes apenas se discute essa difereça. Agora, pra mim, nada é mais preconceituoso nesse mundo do que as cotas raciais. Só porque tu és negro tu és menos inteligente que eu que sou branca? E aí eu me pergunto, por que as pessoas aceitam isso? Por que os negros aceitam isso se eles se sentem incomodados com tudo? Por que isso não incomoda? Eu estudei em escola pública toda a minha vida e tive milhões de exemplos de pessoas de pele clara que nunca tivera chance de ter algo mais além da escola pra ajudar a encaminhar a vida delas. E aí? Cadê a cota dessas pessoas??

Camile Hillesheim disse...

Puxa, vida! Penso exatamente o que escreveste. Muito bom este texto!
Eu também acho: Chega de racismo, chega de homofobia, chega de discriminação, chega de preconceito.

Anônimo disse...

Minha amada sobrinha Letícia me apontou seu Post... realmente - você coloca de forma muito clara o que eu diria com menos maestria - É tão dramaticamente importante esta questão que fecho também com Ju Bachilli sobre a TOTAL DISCRIMINAÇÃO INSTITUCIONALIZADA das cotas - sei que o caminho não é tão curto - mas se não começarmos nunca investir na base da educação igual para todos - estaremos mantendo essas discriminações veladas e justificadas também... Bjo grande e obrigada por nos premiar com suas colocações. Laci Todeschini

Renata disse...

Bah, Zuzu, concordo em gênero, número e grau contigo. O que disseste sobre a raça humana e as distinções que fazemos é muito real. E é uma distinção completamente desnecessária. Sobre homossexualismo, há algum tempo digo exatamente o que escreveste: eles sofrem demais para se poder dizer que se trata de opção sexual. E a discriminação é vista e sentida diariamente e, por incrível que pareça, sem esforço - muita gente não esconde nem disfarça o preconceito, muito antes o afirma e 'fundamenta'. Adoro ler o que escreves, mto embora essa seja a primeira vez que eu faço um comentário...beijo! Rê Peruzzo.

Mirian Weber disse...

Querido amigo Felipe, parabéns pela lucidez da tua analise. Necessitamos de posições coerentes e humanizadas como a que manifestas nesse artigo. Tem sido uma satisfação conviver contigo e através desta convivência alimentar a esperança que podemos ter um mundo melhor para tod@s. Parabéns e muito obrigado!!! Forte abraço. Tua amiga e admiradora Mirian Weber