Da série Reflexões no Cinema: Detona Ralph

17 janeiro 2013


    Como vocês sabem, sou pai de uma menininha de 5 anos. Por esse motivo, sou levado a assistir os filmes de animação em cartaz nos cinemas. Confesso que eu gosto. Ultimamente, num gesto de solidariedade aos pais dos pequenos, que são obrigados a assistir esse tipo de filme, os estúdios têm incluído cenas próprias para os adultos, piadinhas que só nós entendemos e mensagens realmente importantes, tanto para os pequenos como para nós adultos.
    Assim foi no último filme que assisti no cinema (duas vezes), o filme Detona Ralph. Um filme bem interessante para quem foi adolescente na década de 80/90 e que frequentava o fliperama, mas isso é um detalhe que não nos interessa aqui. Nesse espaço eu quero falar sobre alguns temas que ficaram bem claros pra mim como mensagem importante desse filme, tanto para os pequenos, quanto pra nós adultos.
    A primeira delas, que não necessariamente é a mais importante, trata da máxima "quem vê cara não vê coração". Ou seja, como somos levados a fazer julgamentos antecipados das pessoas que nos rodeiam a partir da sua aparência, do seu estilo de vida, da sua posição profissional (ou da sua não-posição profissional). Não raras vezes a "primeira impressão é a que fica" e fica como uma imensa barreira a impedir qualquer tipo de aproximação, ou se permitida a aproximação, esta se dá balizada por conceitos criados no momento da "primeira vista". Esse tipo de atitude por vezes nos distancia de alguém realmente interessante.
    O filme também suscita um enfrentamento pessoal parecido com o exposto no parágrafo anterior. Vejam que se é verdade que fazemos julgamentos apressados dos outros o tempo inteiro, fazemos também julgamentos severos e superficiais de nós mesmos. Não são poucas as vezes que nos pegamos menosprezando aquilo que somos e aquilo que temos, baseados em algo que admiramos no outro ou na vida do outro. Esquecemos de olhar pra dentro de nós, de investigar o mais profundo de nós mesmos. Esquecemos de apreciar nossas vidas e nossas conquistas cotidianas. Esquecemos de olhar para o que fazemos e para o que nos tornamos, compreendendo a importância que temos na engrenagem que move as vidas de todos nós e extraindo dali a beleza daquilo que normalmente entendemos banal. Por vezes fazemos as nossas tarefas diárias como uma pena, uma obrigação que pesa, mas esquecemos que podemos realiza-las compreendendo-as como missão. A verdade é que sempre é mais fácil identificar os nossos defeitos, as nossas tristezas, os nossos fracassos, do que encontrar a beleza cotidiana que nos visita e que insistimos em bater a porta e deixa-la de fora.
    Por fim, e não menos importante, o filme demonstra que o homem nasceu para relacionar-se com os outros homens. A humanidade só é plena no convívio e a felicidade só é possível no amor. No amor próprio, mas, fundamentalmente, no amor que somos capazes de entregar ao outro. Não importa o que eu consiga conquistar, aonde eu consiga chegar, lá não haverá felicidade se não for compartilhada. É no amor que sou capaz de dar que habita a felicidade. A felicidade não está no amor que recebo, mas no amor que sou capaz de entregar ao outro. É nesse amor, é nesse momento, que tudo que é excesso, que é supérfluo, se dissipa, perde o valor e só o que é essência tem lugar. Esse é o lugar da felicidade.
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