Ontem eu estava no sofá com a Mariana assistindo um desenho qualquer. Eis que ela me olha e diz: pai, eu te amo muito mais do que tu me ama. Vejam que ela não disse isso em tom de cobrança ou decepção, mas simplesmente por querer demonstrar o quão grande é o seu amor por mim. Na hora não tive muita reação a não ser dizer que também a amava muito. Depois, enquanto trabalhava, pensava sobre aquilo. Cheguei a conclusão que realmente a Mariana tem razão. Não que o meu amor por ela seja menor, seja pequeno, mas realmente o amor infantil pelos pais talvez seja a forma de amor humano que mais se aproxima do amor divino.
Tenho pra mim que nascemos com a condição de amar plenamente, amar esse amor irrestrito, desinteressado, pleno, ou seja, um amor tão humano que se assemelha ao divino. Esse amor é manifestado mais fortemente em relação aos nossos pais quando ainda somos crianças pequenas. Porém, aos poucos, vamos agregando experiências que vão nos afastando desse jeito de amar. Aprendemos outros "amores" que nos divorciam desse amor primeiro. "Amamos" o dinheiro, os bens materiais, conhecemos a vaidade, o egoísmo, os preconceitos, etc. Tudo isso vai aos poucos nos afastando daquele amor essencial que trazemos gravado em nós por Deus desde a nossa concepção (ou antes, não sei. Deus sabe).
A boa notícia é que o amor essencial não morre. Ele é tão poderoso que os outros "amores" não são capazes de destruí-lo ou mesmo substituí-lo. Ele está latente em cada um de nós. Aguarda ansiosamente o momento de vir a tona e ser capaz de manifestar-se em sua plenitude. Como fazê-lo? Quem sabe cumprindo aquilo que diz a música? Esse trecho da música Deus me ama da Ziza eu já trancrevi várias vezes aqui no blog e não vou me cansar de citá-lo quantas vezes for necessário, já que cada vez que o transcrevo, o pronuncio e então o ouço também. Diz assim: há esperança para quem quer buscar / Amor verdadeiro é querer amar. Portanto, façamos a experiência de querer amar e deixemos que aquele amor infantil que está gravado em nós se manifeste em nossas vidas.