19 anos de AMOR

12 novembro 2012


    Para alguns um absurdo; para outros uma façanha; para nós é apenas amor.
    Lá se vão 19 anos daquele 12/11/1993. A história da data é um pouco confusa. Talvez se o blog fosse da Clarissa, vocês saberiam da história em detalhes, mas vou dar uma resumida segundo a minha visão (versão) da situação.
    Na verdade o dia de celebrar o início do nosso namoro talvez devesse ser outro, mas é que um dos enamorados era a Clarissa e quem a conhece bem entende que para ela era necessário ter certeza absoluta que estávamos de fato namorando. Claro que toda essa dúvida teve um empurrãozinho do meu irmaão (Dudu) e do nosso amigo Xingu, mas, na verdade, essa história só potencializou ainda mais esse traço que é característico da Clarissa. Pois bem, foi naquela noite, na casa da Nina, que a Clarissa, depois de um volume razoável de àlcool no sangue, criou coragem para me fazer a pergunta fatal: "o que é que tu és meu?". Sim, foi dessa forma que definiu-se o dia 12 de novembro como o início oficial do nosso namoro.
    De lá pra cá vivemos muitas coisas juntos. Na verdade eu vivi ao lado da Clarissa mais tempo do que vivi sem ela. Vivi ao lado da Clarissa os momentos mais intensos que a minha memória é capaz de recordar. A morte da minha Vó, que era muito próxima a mim, a doença e a morte da minha mãe, o nosso casamento, o nascimento da Mariana. Tristeza profunda, alegria sublime e um tanto de vida cotidiana vivida com alegria.
    Creio que a receita do amor no tempo é essa: viver a alegria cotidiana do amor. Não é nos grandes sofrimentos e nem nas maiores alegrias que o amor se constroi, mas na vida cotidiana vivida em conjunto. É esse amor cotidiano que está descrito em na primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (I Cor 13): O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
    Algumas pessoas ainda compreendem o amor romântico sob a aura de encantamento das novelas ou dos contos de fadas e acreditam que amor se prova com sinais grandiosos. Assim, também alguns esperam uma manifestação do amor de Deus. Eu tenho pra mim que a realidade cotidiana da vida faz do pequeno gesto diário, aquele que até por vezes passa despercebido, a verdadeira prova do amor. Os exemplos das novelas e dos contos de fadas talvez tenham mais a ver com a paixão do que com o amor. O amor é alimento que se cozinha em fogo baixo, sem pressa, com cuidado. O amor é feito de demoras, como gosta de dizer o Pe Fabio de Melo.
    Assim é construído o nosso amor, assim sustentamos a nossa união. Nós, um pro outro, em direção a Deus. Como diz aquela música que a Clarissa adora: Amar é conduzir o outro ao céu / (...) Em gestos, criar o bem no outro / (...) Amar é cuidar, amar é doar, amar é perder para ganhar / Eu vou trazer o céu até você.
    Clarissa, rogo a Deus para que eu seja capaz de ser instrumento desse amor cotidiano nas nossas vidas, conduzindo o nosso amor, junto contigo, até o céu.
    Que Deus continue abençoando a nossa família.
    TE AMO!

O gato bebe leite, o rato come queijo...

06 novembro 2012



    Esse final de semana assisti o filme O Palhaço com a minha esposa. Um filme que num primeiro momento até me passou batido, sem repercutir muito. Atuações maravilhosas, história interessante, mas não tinha gerado em mim qualquer desconforto. Porém, dias depois que me dei conta da repercussão do filme em mim. A reflexão foi e está sendo feita por mim, só não havia me dado conta que fazia isso provocado pelo filme. Eu diria que este é, pra mim, um "filme de retrogosto".
    Pois bem, voltando à frase do título, a reflexão que se faz é sobre quem sou, qual a minha vocação, qual a minha função no mundo. Podemos também, ao falar de vocação, falar de talento. Aí lembro bem da música do Grecco - Talentos - em que ele diz: De que adianta ser a ave voadora / Ter o canto do canário e para sempre me calar / Então seria como ser a luz da vela / iluminando uma capela e uma sombra lhe abafar / Ser sal da terra e o sabor que em si encerra / Se perder pelo espaço e pelo espaço não teria serventia.
    Ou seja, se eu não souber identificar o meu talento e, além disso, se eu não trabalhar esse talento e não vivê-lo, de nenhuma serventia será e, se assim não for, talvez eu não esteja cumprindo a minha função no mundo.
    Acontece que não é fácil identificar o talento, porém, pior ainda, é de fato conseguir viver o talento. As "necessidades" do mundo do consumismo (e não falo somente no consumo de coisas, de comprar coisas) tem nos imposto formas de vida que talvez não sejam aquelas que favorecem a vivência do nosso talento. O mundo do consumismo me diz que, pra ser feliz, tenho que ser como o fulano, me vestir como o outro cara. Pra ter sucesso tenho que seguir os passos de tal personalidade. Nesse mundo não há espaço pra viver o talento, pra assumir a sua vocação.
    A Mariana, por exemplo, quando perguntada o que quer ser quando crescer, responde sem titubear: quero ser uma cantora famosa. A gente se diverte, acha bonitinho, mas ficam muitas perguntas: será que ela realmente pensa isso ou é coisa de criança que em seguida até esquece? será que as crianças de fato conseguem identificar melhor o seu talento, já que não tem a dimensão do consumismo que freia o adulto? ou será que simplesmente ela diz isso já contaminada pelo mundo consumista?
    A verdade é que infelizmente essa forma um tanto pasteurizada de vida que vivemos deforma cada vez mais os talentos, nos empobrecendo como sociedade e como seres humanos.
    O que vocês pensam disso?