O gato bebe leite, o rato come queijo...

06 novembro 2012



    Esse final de semana assisti o filme O Palhaço com a minha esposa. Um filme que num primeiro momento até me passou batido, sem repercutir muito. Atuações maravilhosas, história interessante, mas não tinha gerado em mim qualquer desconforto. Porém, dias depois que me dei conta da repercussão do filme em mim. A reflexão foi e está sendo feita por mim, só não havia me dado conta que fazia isso provocado pelo filme. Eu diria que este é, pra mim, um "filme de retrogosto".
    Pois bem, voltando à frase do título, a reflexão que se faz é sobre quem sou, qual a minha vocação, qual a minha função no mundo. Podemos também, ao falar de vocação, falar de talento. Aí lembro bem da música do Grecco - Talentos - em que ele diz: De que adianta ser a ave voadora / Ter o canto do canário e para sempre me calar / Então seria como ser a luz da vela / iluminando uma capela e uma sombra lhe abafar / Ser sal da terra e o sabor que em si encerra / Se perder pelo espaço e pelo espaço não teria serventia.
    Ou seja, se eu não souber identificar o meu talento e, além disso, se eu não trabalhar esse talento e não vivê-lo, de nenhuma serventia será e, se assim não for, talvez eu não esteja cumprindo a minha função no mundo.
    Acontece que não é fácil identificar o talento, porém, pior ainda, é de fato conseguir viver o talento. As "necessidades" do mundo do consumismo (e não falo somente no consumo de coisas, de comprar coisas) tem nos imposto formas de vida que talvez não sejam aquelas que favorecem a vivência do nosso talento. O mundo do consumismo me diz que, pra ser feliz, tenho que ser como o fulano, me vestir como o outro cara. Pra ter sucesso tenho que seguir os passos de tal personalidade. Nesse mundo não há espaço pra viver o talento, pra assumir a sua vocação.
    A Mariana, por exemplo, quando perguntada o que quer ser quando crescer, responde sem titubear: quero ser uma cantora famosa. A gente se diverte, acha bonitinho, mas ficam muitas perguntas: será que ela realmente pensa isso ou é coisa de criança que em seguida até esquece? será que as crianças de fato conseguem identificar melhor o seu talento, já que não tem a dimensão do consumismo que freia o adulto? ou será que simplesmente ela diz isso já contaminada pelo mundo consumista?
    A verdade é que infelizmente essa forma um tanto pasteurizada de vida que vivemos deforma cada vez mais os talentos, nos empobrecendo como sociedade e como seres humanos.
    O que vocês pensam disso?

1 Comente aqui:

Anônimo disse...

Boa Noite!
Felipe você tem toda razão, nós somos levados para onde na maioria das vezes nem queremos ir, nem queremos fazer, nem queremos ser....
abraços
valderi direto de Madagascar/Leste África...