Advento

30 novembro 2011


   O Advento marca o início do Ano Litúrgico para a igreja católica. Advento significa chegada. É a expectativa da chegada de Cristo que celebramos nesse tempo.
   No Evangelho desse domingo Jesus faz um apelo: vigiai! (Mc 13,37). No Angelus do dia 27/11/2011, o Papa Bento XVI, comentando essa palavra disse: é um apelo salutar a recordar-nos que a vida não tem somente a dimensão terrena, mas é projetada rumo a um "além", como uma muda que brota da terra e abre-se para o céu. Uma muda pensante, o homem, dotada de liberdade e responsabilidade, pelo que cada um de nós será chamado a dar conta de como viveu, de como utilizou as próprias capacidades: se as reteve para si ou as fez desfrutar para o bem dos irmãos.
   Notem que o apelo a que se refere o Papa é uma advertência muito importante e que devemos refletir com profundidade. Vigiai! Somos livres e responsáveis pelo o que fazemos de nossas vidas, porém, importante que utilizemos esses dons para o bem de todos. Mais do que isso, é preciso que fiquemos atentos, vigilantes, para que as nossas obras sejam de fato na construção do amor, na construção do bem de todos e não apenas na satisfação de nossas vaidades. Vigiar para que a nossa vaidade seja abafada e que nossos atos sejam verdadeiramente na construção do reino de Deus, esse reino que está prestes a receber seu rei, Jesus Cristo. Nós somos responsáveis por abrir o caminho para que Deus reine nos corações de todos, que o amor reine soberano no coração da humanidade. Por esse motivo, o tempo do Advento é também um tempo de conversão, pois precisamos começar a preparar o caminho dentro do nosso próprio coração, rejeitando tudo aquilo que nos afasta do amor, que nos afasta de Deus.
   O tempo do Advento é um tempo de esperança, porque Cristo é a nossa esperança e Ele está chegando para viver no meio de nós, para ser o senhor de nossas vidas. Não um senhor que nos aprisiona ou que nos impõe sua vontade, que nos mete medo e nos faz submisso através dele, mas um senhor que promove aquilo que há de melhor em cada um, que nos faz caminhar ao seu lado irradiando esse amor para os que nos cercam, que nos acolhe com um gesto ou uma palavra. Um senhor que na verdade é Pai, é amigo. Nas palavras do Papa: O Tempo do Advento vem a cada ano recordar-nos isso, para que a nossa vida reencontre a sua justa orientação, em direção ao rosto de Deus. O rosto não de um "patrão", mas de um Pai e de um Amigo.
   Que a espera dessa chegada seja vivida com alegria e que permaneçamos vigilantes à espera de Cristo.

Escolhas

21 novembro 2011



Na semana que passou fui apresentado a um site muito interessante que recomendo a todos (http://www.ted.com/). Eles usam o slogan Ideas Worth Spreading, que pode ser taduzido como: vale a pena espalhar ideias. Pois bem, um desses vídeos que se encontram nesse site, traz uma reflexão muito interessante. O palestrante, Damon Horowitz, provoca os espectadores a fazer várias escolhas levantando as mãos, como por exemplo,  iPhone x Android. Todos tinham opinião formada. Porém, na última pergunta, tratando de um caso específico, queria saber se deveríamos utilizar uma estrutura moral deontológica Kantiana ou deveríamos utilizar a ética consequencialista de Stuart Mill. Como podem prever, poucos tiveram a coragem de votar. Então, definiu aquilo como algo terrível, pois verificou que temos mais opiniões sobre nossos dispositivos portáteis do que a respeito da estrutura moral que deveríamos usar para tomar nossas decisões, e então deixou o questionamento que me fez pensar muito: como sabemos o que fazer com o poder que temos se não temos uma estrutura moral definida?

De certa forma, nunca refletimos sobre como fazemos para definir o que é certo e o que é errado. Tomamos decisões em nossas vidas sem pensar nessas questões. Por vezes até fazemos esse juízo ético, mas sem tomar consciência de como fazemos. Por vezes, não fazemos qualquer juízo, o que pode gerar grandes problemas. Infelizmente (ou felizmente) a definição do certo e do errado não está em uma fórmula imutável, apesar de que Platão até pudesse imaginar que a encontraria. Portanto, só nos resta pensar sobre nossas ações, para que estas tenham verdadeiramente o sentido de bem ou de mal que buscamos. Como disse Hannah Arendt (bem lembrado pelo palestrante): a triste verdade é que a maioria do mal feito nesse mundo não é feito por pessoas que escolheram serem más. Isso emerge do não pensar.

O palestrante traz a reflexão sobre duas formas de pensar eticamente. Mill e o utilitarismo, que traz a ideia do bem-estar, ou seja, o agir deve estar diretamente ligado àquilo que trará o máximo de bem-estar. O agir se baseia nas suas consequências. Peso as consequências e escolho o caminho do agir conforme possa trazer mais benefícios a todos que o outro caminho traria. Importante aqui é que o maior benefício deve ser para todos e não apenas para o indivíduo, o que seria apenas egoísmo. Então, quanto maior o benefício, melhor a decisão. Esse é um argumento ético que me parece típico daquele que defende a guerra, por exemplo, pois sempre tenta imaginar que, mesmo gerando algumas mortes, a salvaguarda da maioria dos cidadãos é um benefício maior. Porém, aquele que faz a guerra sem esse paradigma é capaz de atrocidades inimagináveis.

Kant, por sua vez, com seu "imperativo categórico", que é imperativo por ser um dever moral e categórico por atingir a todos, advoga que o agir deve ser sempre baseado naqueles princípios que você gostaria de ver aplicados universalmente. Seria algo como "faça aos outros o que gostaria que fizessem a você", porém, ainda mais ampliado: "faça aos outros o que gostaria que todos fizessem para todos". Aqui, na minha opinião, está o fundamento que me afasta do racismo, da homofobia, etc.

Portanto, o julgamento moral e ético deve ser feito quando do nosso agir/decidir. É necessário que o façamos, para não corrermos o risco do alerta de Arendt. Você alguma vez já pensou nisso? Se sim, ótimo; se não, estamos no mesmo barco. A questão agora é pensar!

Campo Florido

07 novembro 2011


Para o Acamps Casais

Vidas misturadas
Corações expostos
Amor e sofrimento

O cheiro do mato
O calor do abraço
O sabor da lágrima

Teia de emoções
Avalanche de sentido
Barro moldado a dois

Histórias de um campo florido