Escolhas

21 novembro 2011



Na semana que passou fui apresentado a um site muito interessante que recomendo a todos (http://www.ted.com/). Eles usam o slogan Ideas Worth Spreading, que pode ser taduzido como: vale a pena espalhar ideias. Pois bem, um desses vídeos que se encontram nesse site, traz uma reflexão muito interessante. O palestrante, Damon Horowitz, provoca os espectadores a fazer várias escolhas levantando as mãos, como por exemplo,  iPhone x Android. Todos tinham opinião formada. Porém, na última pergunta, tratando de um caso específico, queria saber se deveríamos utilizar uma estrutura moral deontológica Kantiana ou deveríamos utilizar a ética consequencialista de Stuart Mill. Como podem prever, poucos tiveram a coragem de votar. Então, definiu aquilo como algo terrível, pois verificou que temos mais opiniões sobre nossos dispositivos portáteis do que a respeito da estrutura moral que deveríamos usar para tomar nossas decisões, e então deixou o questionamento que me fez pensar muito: como sabemos o que fazer com o poder que temos se não temos uma estrutura moral definida?

De certa forma, nunca refletimos sobre como fazemos para definir o que é certo e o que é errado. Tomamos decisões em nossas vidas sem pensar nessas questões. Por vezes até fazemos esse juízo ético, mas sem tomar consciência de como fazemos. Por vezes, não fazemos qualquer juízo, o que pode gerar grandes problemas. Infelizmente (ou felizmente) a definição do certo e do errado não está em uma fórmula imutável, apesar de que Platão até pudesse imaginar que a encontraria. Portanto, só nos resta pensar sobre nossas ações, para que estas tenham verdadeiramente o sentido de bem ou de mal que buscamos. Como disse Hannah Arendt (bem lembrado pelo palestrante): a triste verdade é que a maioria do mal feito nesse mundo não é feito por pessoas que escolheram serem más. Isso emerge do não pensar.

O palestrante traz a reflexão sobre duas formas de pensar eticamente. Mill e o utilitarismo, que traz a ideia do bem-estar, ou seja, o agir deve estar diretamente ligado àquilo que trará o máximo de bem-estar. O agir se baseia nas suas consequências. Peso as consequências e escolho o caminho do agir conforme possa trazer mais benefícios a todos que o outro caminho traria. Importante aqui é que o maior benefício deve ser para todos e não apenas para o indivíduo, o que seria apenas egoísmo. Então, quanto maior o benefício, melhor a decisão. Esse é um argumento ético que me parece típico daquele que defende a guerra, por exemplo, pois sempre tenta imaginar que, mesmo gerando algumas mortes, a salvaguarda da maioria dos cidadãos é um benefício maior. Porém, aquele que faz a guerra sem esse paradigma é capaz de atrocidades inimagináveis.

Kant, por sua vez, com seu "imperativo categórico", que é imperativo por ser um dever moral e categórico por atingir a todos, advoga que o agir deve ser sempre baseado naqueles princípios que você gostaria de ver aplicados universalmente. Seria algo como "faça aos outros o que gostaria que fizessem a você", porém, ainda mais ampliado: "faça aos outros o que gostaria que todos fizessem para todos". Aqui, na minha opinião, está o fundamento que me afasta do racismo, da homofobia, etc.

Portanto, o julgamento moral e ético deve ser feito quando do nosso agir/decidir. É necessário que o façamos, para não corrermos o risco do alerta de Arendt. Você alguma vez já pensou nisso? Se sim, ótimo; se não, estamos no mesmo barco. A questão agora é pensar!

2 Comente aqui:

Carlos Eugênio disse...

Eu concordo, primeiro o pensar, depois o agir/decidir...!!!"faça aos outros o que todos fizessem para todos..."

Bianca disse...

Felipe, eu sou viciada nos vídeos do TED. São maravilhosos.