Porto Alegre do meu coração

23 março 2011


Nessa semana (26/03) Porto Alegre comemora seus 239 anos. O Porto do Viamão, que foi Porto do Dorneles, Porto de São Francisco dos Casais ou Porto dos Casais e depois freguesia Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Talvez por essa mania Portoalegrense de abreviar tudo, tenha virado apenas Porto Alegre.

Porto Alegre é a minha cidade do coração, já que sou natural de Pelotas. Porto Alegre da minha alegria, da minha história, dos meus amores, dos meus frutos, da minha vida. Porto Alegre da brisa suave da beira do rio, das manhãs de domingo passando um mate na grama verde da Redenção, do grito de gol no Beira-Rio, do chopp gelado nas calçadas da Cidade Baixa, da vida agitada da Rua da Praia.

Minha cidade tem o cheiro da poluição dos carros do Centro, mas tem também o ar puro do Morro do Osso. Minha cidade de concreto e a frieza dos prédios é também capaz de mostrar a beleza do pôr-do-sol do Guaíba. Minha cidade é assim: um misto de feiura e beleza, alegria e tristeza.

Porto Alegre das minhas alegrias, das minha angústias, dos meus amores, das minhas cores. Feliz Aniversário minha Porto Alegre!

Obs.: a foto acima foi tirada por mim da sacada do prédio onde trabalho em uma noite fria e chuvosa. Na foto a prefeitura e, ao fundo, o mercado público.

Solidariedade cotidiana. Onde anda?

16 março 2011

É comovente como as pessoas aqui no Rio Grande do Sul têm se mobilizado para ajudar as vítimas da enchente ocorrida em São Lourenço do Sul. Realmente é bonito ver as pessoas entrando em suas casas e buscando aquelas coisas que podem não estar sendo tão necessárias pra elas, mas que podem ser fundamentais para aqueles que perderam tudo. Penso que a solidariedade está muito relacionada a esse sentimento que nos impulsiona a querer partilhar com os outros. Para isso, não há necessariamente a imposição de uma doação de cunho patrimonial. Não creio que seja assim, apenas. É possível ser solidário, nesses casos, mesmo sem ter condições financeiras de ajudar. Posso dar um sorriso, um abraço, estender a mão para levantar uma parede, ajudar a limpar a casa cheia de lama. Na verdade, a solidariedade não é apenas uma questão de doar algo, mas também pode ser "apenas" doar-se.

Esses momentos de comoção geral, gerados principalmente pelo tamanho da catástrofe e da repercussão pública através dos meios de comunicação, geram na população em geral esse "espírito solidário", pois somos capazes de nos colocar no lugar do outro. Porém, tenho me perguntado qual a razão de ainda sermos indiferentes às catástrofes cotidianas, às quais nos deparamos inúmeras vezes durante nosso dia. O menino no sinal pedindo uma moeda para comer. O homem que dorme na calçada fria, coberto com papelão para espantar o frio.

Somos capazes de nos solidarizar com aqueles que estão longe com enorme facilidade, mas temos uma enorme dificuldade de compreender a necessidade daquele que está próximo. Criamos teses estranhas para justificar nossa indiferença. Dizemos que o menino no sinal quer dinheiro pra comprar droga, ou que está sendo usado pelos pais que não querem trabalhar ou apenas porque querem dinheiro para comprar cachaça. Reclamamos que o homem que dorme na calçada fede e que, por certo, é vagabundo ou até perigoso e pode nos assaltar. Por isso andamos longe deles. Vejam que as justificativas em alguns casos são até racionais e coerentes, mas apenas nos desviam do fundamental. A verdade é que por algum motivo estamos (sociedade) negligenciando aqueles que são iguais a nós. Sim, iguais a nós! Homens e mulheres que não tem direito de ser gente, de ser cidadão, de ser digno de consideração como ser humano. São subseres que vagam por nossas cidades. Ensinamos as nossos crianças a atravessarem a rua quando tem um por perto e de sentirem medo quando "um deles" se aproxima de nós.

A solidariedade na distância é relativamente fácil, mas a solidariedade cotidiana, essa sim é complicada de ser vivida. O desafio pra mim hoje é conseguir exercitar a solidariedade cotidiana. E vocês, o que pensam sobre isso?