Faço o mal querendo fazer o bem? Como saber?

24 janeiro 2010



É incrível como o cinema é capaz de nos trazer reflexões importantes e interessantes. Quem acompanha o blog, tem visto que tenho pensado sobre muitas coisas através dos filmes que vejo. Hoje não foi diferente. Assistimos ao filme "Uma prova de amor". Quando peguei para ver não tinha noção do que me diria. Imaginava que seria um filmezinho água com açúcar, mas não. É um filme que traz - pelo menos pra mim trouxe - uma reflexão sobre como agimos, sobre nossas intenções e as consequências de nossos atos.

Como saber se nossos atos, os quais imaginamos serem para o bem de alguém especial, na verdade podem não estar realmente fazendo o bem, ou pior, pode estar causando um mal? Como saber se na verdade não estamos apenas querendo o nosso próprio bem, mesmo que seja uma causa que num primeiro momento parece ser justa, mas que na verdade não avalia se seus atos estão de acordo com o que a outra pessoa pensa ser seu bem?

É incrível que uma atitude que aparentemente seja para realizar o bem, para ajudar o outro a viver melhor, na verdade pode gerar um mal àquela pessoa. Assim como uma atitute que aparentemente possa ser errada, na verdade é exatamentea a única atitude que pode gerar o bem desejado pelo outro.

Talvez o segredo seja exercitar a empatia, não sei bem. Assistam o filme, creio que valha a pena. Quem sabe possam me ajudar a entender essa questão.

Da série "moral da história"

22 janeiro 2010



Estou de férias, mas ao contrário de muita gente, minhas férias não se passam na beira da praia, com o corpo encharcado de sol e gosmento de tanto protetor solar. Claro que agora com a Mariana, acabo fazendo dessas coisas as vezes.

As minhas férias são sempre pra tentar ler um livro (o que esse ano ficou prejudicado pela retirada das fraldas) e para ver todos aqueles filmes que deixei de ver.

Hoje assisti ao filme: Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Grande filme. Parece confuso no início, mas nada pior do que o livro Budapeste do Chico, por exemplo.

Nã pretendo contar o filme, mas apenas trazer aquilo que o filme disse pra mim. Qual mensagem me trouxe. O que mais me fez crescer (o pessoal do EJC está rindo nesse momento).

Certamente alguns dirão que esse filme fala sobre destino, sobre como as coisas estão escritas e como não podemos desviar o destino, mesmo que tentemos muito. Como muitos já sabem, não creio no destino. Prefiro acreditar no livre arbítrio e nas inúmeras possibilidades que ele nos permite. Seria muito chato já ter tudo escrito e decidido, não acham?

Pra mim a mensagem principal é que normalmente as pessoas em seus relacionamentos tem sempre a estranha mania de lembrar sempre mais facilmente das coisas ruins que aconteceram, dos defeitos do outro, dos erros, das palavras mal ditas, dos gestos mal colocados. Infelizmente, parece que as pessoas só buscam as boas lembranças, só lembram do carinho recebido, da palavra amorosa, do momento alegre, da alegria de estar junto, quando já está perdendo ou já perdeu a pessoa amada. Não são raras vezes que as lembranças das coisas ruins, tomando conta de todas as lembranças, acabam por abafar o amor, destruir os momentos felizes e destroçar a relação de afeto.

No final, ainda ensina que o perdão é tão lindo quanto o amor, simplesmente pelo fato de que o perdão também é uma forma de amar.

O filme hoje me diz para prestar mais atenção no que digo, perstar atenção nos bons momentos, perdoar, viver os momentos felizes intensamente e não dar tanto valor assim para os deslizes, os equívocos, pelo menos não dar mais valor do que para os momentos de puro amor.

A complexidade das coisas simples

20 janeiro 2010


Uma vez conheci um maluco. Era físico, acho. Não lembro bem. Tinha idéias que me pareciam loucura, afinal eu não as compreendia. Sabem como é, normalmente quando não compreendemos o que as pessoas dizem, a tendência é imaginarmos que se tratam de loucuras, divagações absurdas.

Pois bem, esse cara dizia que tudo que é simples na verdade é complexo. O exemplo clássico era a fechadura, o abrir a porta. Ele perguntava: "não é simples abrir a porta?". Então dizia: "porém, o processo do desenvolvimento da fechadura é muito complexo". Ou seja - dizia ele - o simples fato de abrir uma porta, comporta um nível de complexidade que não é perceptível na ação de abrir a porta, mas, se refletirmos sobre o processo que levou até o ato de abrir a porta, veremos que de fato ele é complexo.

Loucura? pode ser. Um blá, blá, blá que não leva a lugar nenhum? Cheguei a pensar assim.

Hoje estou no processo de retirada das fraldas da Mariana, como já disse em outro post. Pois bem, nesses dias tenho pensado muito naquele cara. Ele tinha razão! Vejam: vocês não acham tão simples ter vontade de fazer xixi ou cocô, dirigir-se até o banheiro e simplesmente fazê-los? Se responderam sim, é porque nunca refletiram sobre o processo que nos leva até lá.

Uma criança que usa a sua fralda, desde de seu nascimento, de repente percebe que a fralda não está lá por acaso, percebe que ela "faz uma aguinha", como disse a Mariana surpreendida quando fez xixi pela primeira vez no penico. Então, ela precisa compreender como prever a vontade de fazer xixi, precisa compreender que deve deixar o brinquedo de lado por um instante para ir ao banheiro e que não pode mais "resolver" a coisa ali mesmo como fazia antes.

Posso garantir pra vocês que o simples processo de ir ao banheiro realmente é muito, muito complexo.

"A felicidade só é verdadeira quando compartilhada"

14 janeiro 2010



A frase do título, assim como a foto acima são de autoria de Christopher McCandless, jovem de apenas 22 anos, brilhante nos estudos, porém com grandes dificuldades de relacionamento com seus pais. A história desse jovem está brilhantemente retratada por Sean Penn no filme "Na Natureza Selvagem". Filme que desde já recomendo a todos.

Me perdoem se já contei logo o fim, mas é inevitável ao falar dessa experiência ter que dizer a frase que resume a grande descoberta da vida desse jovem. Desiludido com os seres humanos, principalmente com seus pais, negando a ânsia materialista contemporânea, McCadless resolveu se apartar do mundo e viver sozinho - na natureza selvagem - mais especificamente no Alaska. Deu tudo que tinha, deixou seu carro a beira da estrada, queimou o dinheiro que tinha no bolso para se sentir livre.

O que não pôde controlar, foi que em sua jornada até chegar ao Alaska, se deparou com algumas figuras humanas que modificaram substancialmente a sua vida, asssim como ele também foi decisivo na vida de cada um que cruzou seu caminho.

Ele conseguiu chegar ao Alaska, viveu em seu "ônibus mágico" durante meses, solitário, com seus livros e seus pensamentos, apenas. Em um dado momento, entendeu que na verdade de nada adianta essa liberdade que havia conquistado se não pudesse compartilhar com seus semelhantes. Ou seja (essa é uma conclusão minha e não do filme), só é possível ser verdadeiramente livre quando se ama um outro ser humano. Não é possível ser feliz, se essa felicidade não é vivida na companhia de outras pessoas. O ser humano tem vocação para o amor, tem vocação para o relacionamento humano, tem vocação para a partilha.

O que acham? Vejam o filme e tirem suas próprias conclusões.

"Tu usa cueca pai? Eu uso calcinha!"

13 janeiro 2010




Desde ontem nós e a Mariana estamos vivendo um novo momento de nossas vidas. A Mariana agora está deixando de usar fraldas. Isso mesmo, já está ficando "uma mocinha". hehehe

Os primeiros movimentos são difíceis. Há uma certa euforia da parte dela em usar calcinhas. A cada cinco minutos ela me pergunta: "tu usa cueca, pai? Eu uso calcinha!". Assim pergunta para cada um. Se vê que é "menina", diz logo que usa calcinha, mas se é "menino", me olha e diz: "fulano usa cueca, pai. Igual tu".

Tenho passado esses primeiros dias de férias mais tempo no banheiro do que fazendo outra coisa. Fico lá sentado num banco baixinho do lado dela, contando histórias (já inventei tantas que dava pra tentar um livro), falando dos adesivos que vamos colar no penico cada vez que ela fizer xixi ou cocô nele, blá, blá, blá.

A coisa não é fácil não. Até a pobre da criança entender bem como sai o xixi, se dar conta que tá na hora e tal. Claro, antes quando fazia na fralda ela não tinha lá muita consciencia de como ele era. A primeira vez que fez xixi no penico, disse pra Clarissa: "mãe, eu fiz uma aguinha".

Pior é que tudo muda mesmo. A própria Mariana não tem mais aquele ar de bebê, já é uma menininha mesmo. A independência das fraldas trouzeram "outras independências". Desde ontem a tarde que ela já não quer mais dormir no meu colo, ou comigo na minha cama, para que eu a coloque na cama dela depois. Ela diz: "quero dormir sozinha na minha cama".

É, o meu bebezinho está crescendo!!!

Até que enfim minhas férias

08 janeiro 2010

Hoje estou saindo de férias. Merecidas, eu diria. Ando um tanto cansado. Na verdade mesmo saio de férias somente no domingo a tarde, pois pela manhã tenho uma prova de concurso. Aliás, não esqueçam de me incluir nas suas orações para o domingo pela manhã.

Sobre o assunto de ontem, até parece que os editores dos jornais, produtores de rádio e TV deram uma lidinha aqui no blog, pois ontem foi o dia de falar das vítimas e suas famílias. Tá certo que só se deu mesmo grande destaque a isso quando foi encontrado o corpo do vice-prefeito. Engraçado que o vice-prefeito é mais cidadão do que os outros cidadãos da mesma cidade que também morreram. Outras mortes já haviam sido confirmadas, velórios e funerais acontecidos, mas apenas ontem, após ser encontrado o corpo do vice-prefeito é que foi decretado luto oficial na cidade.

Mudando de assunto:

Na próxima semana, se ouvi bem, começa mais um BBB. O programa da Rede Globo (mais um deles) que tem feito o brasileiro ingenuamente imaginar que está diante de pessoas comuns, vivendo suas vidas comuns. Engano! Lá estarão pessoas contratadas, com obrigações a cumprir, com o objetivo de gerar entretenimento* para o povo. Portanto, não são pessoas comuns, nem são pessoas vivendo vidas comuns. A não ser que imaginemos que vidas de personagens de BBB, assim como os personagens de novela, são possíveis de serem vividas na realidade. Será que alguém acredita mesmo que é possível viver no mundo real apenas de bunda pra cima na piscina, comendo e bebendo, com a cabeça vazia, sem preocupações e responsabilidades? Vocês conhecem alguém que vive assim? Onde está o reality desse show?

*entretenimento = mulheres peladas, homens sarados, conversas vazias, brigas ridículas, cultura inútil, ou seja, muita coisa pra encher a cabeça, mas, de preferência, nenhum conteúdo para reflexão.

Corações de pedra?

07 janeiro 2010

Nesses últimos dias aqui no Rio Grande do Sul, só o que se fala são as enchentes provocadas pelas chuvas incessantes que vêm acontecendo desde a virada do ano. O fato mais marcante e debatido tem sido a queda da ponte perto de Agudo, região central do estado.

Claro que entendo o fato jornalístico, mas o que tem me chamado a atenção nisso tudo é o fato de que a vida humana tem sido uma questão secundária ou até mesmo ignorada na situação. Já se vão praticamente três dias do acontecido e não consigo lembrar quantas foram as vítimas, quantos foram resgatados, quantos ainda estão desaparecidos. Aliás, pelas discussões todas, esse aspecto tem parecido irrelevante. Isso sem falar que não vejo ninguém falar dos desabrigados pela enchente. Não vejo campanhas de arrecadação de alimentos, roupas. Só o que se fala é "raio" da ponte, quando vão reconstruir, o dinheiro que estão perdendo, o impacto financeiro na economia do Estado. Está bem, é justo que se fale sobre isso, mas e o impacto nas vidas das famílias das vítimas? E o sofrimento das pessoas que vivem nessas comunidades?

Infelizmente a tragédia econômica tem nos preocupado mais do que a tragédia humana. Os homens têm rejeitado os próprios homens. O amor humano tem se desviado dos seus semelhantes. Pessoas têm preferido por vezes inclusive desviar o seu amor aos animais, por exemplo, para não precisar amar seus semelhantes. Não que os animais não mereçam esse amor, mas o desvio faz com que essas pessoas amem os animais como se humanos fossem, inclusive os tratando como se humanos fossem. Aí está o maior problema. É uma tentativa de substituir o semelhante por outra criatura, trantando-a de maneira diversa do que a sua natureza. Será por que temos medo de amar o outro e ser frustrado nas nossas expectativas? Será por que realmente nosos corações estão se petrificando? Será?

O que vocês acham?

Reflexões para 2010

   Ultimamente tenho sentido muita vontade de escrever. Na verdade não penso em um assunto ou uma história. Tenho vontade de escrever basicamente sobre o que sinto, o que percebo do mundo em que vivo. Se der certo, e isso depende muito da participação e do número de leitores que terei, espero postar sempre que possível. Talvez não dê pra escrever todo dia, mas minha idéia é escrever muito.
    Já que inauguro o meu blog logo no início do ano, a minha primeira postagem será uma reflexão que escrevi no final do ano passado e que já encaminhei para vários amigos por e-mail.
   Participem!!!

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Amigos,

No final de ano, sempre dizem que devemos fazer um balanço do ano que está acabando e fazer proposições para o ano que virá. Eu nesses últimos dias tenho pensado sobre algumas coisas que gostaria de partilhar com vocês.

Talvez na contramão da história, penso que minha alegria está não na busca do produto mais sofisticado e cheio de tecnologia, mas na contemplação da matéria prima, no cultivo artesanal do solo sagrado em que semeio meus sentimentos.

Quero esperar sem pressa o desabrochar de cada pétala de amor que dali nascerá. Assim como nossos antepassados faziam, admirados com o milagre da vida, o florescer da semente e o nascer do sol a cada dia diferente e cheio de esplendor.

Não quero debates apressados sobre questões marginais. Nesses tempos em que vivemos, as pessoas, como disse Mário de Andrade, "não debatem conteúdos, apenas rótulos". Quero mergulhar na profundidade dos olhares, na beleza das texturas e das cores das vidas que encontrarei em meu caminho.

Quero acompanhar os passos ainda inseguros da Mariana bem mais de perto.

Não quero conduzi-la, quero que escreva a sua trajetória baseada em suas conquistas e suas derrotas, não nas minhas, mas quero estar sempre ali, pronto para estender a mão quando julgar necessário, para ampará-la em suas quedas, para afagar-lhe os cabelos, enxugar suas lágrimas, abraça-la afetuosamente quando de seus fracassos e dizer-lhe para nunca desistir de viver sua vida dando o seu melhor a cada dia e amando cada pessoa de coração aberto, livre de preconceitos e sem restrições. Que saiba que as pessoas em algum momento provavelmente a irão decepcionar, mas entendendo também, que isso faz parte de nossa condição de humanidade, que somos falíveis.

É preciso que sejamos capazes de identificar e compreender nossas fraquezas e entender que não nos tornamos menos belos por isso, pelo contrário, a beleza de nossa humanidade está exatamente em nos reconhecer limitados e ainda assim ter a capacidade de perdoar e de amar nosso semelhante que também não é perfeito.

Amar o que é perfeito é relativamente fácil. Difícil é reconhecer no outro aquilo que há de mais belo, a sua capacidade de amar, mesmo que esteja aparentemente escondida por suas falhas e seus defeitos.

Alguns certamente entenderiam isso como ingenuidade. Eu prefiro chamar de salvação.

Um feliz ano de 2010 a todos. Que seja um ano cheio de amor.