“A gente não pode ter tudo na vida”

10 janeiro 2011


É com essa frase que termina o filme “de pernas pro ar”, que eu e a Clarissa assistimos nessa semana. Aparentemente, um filme sem maiores consequências. Mais uma comédia brasileira. Um filme que até recomendo, divertido, bem feito, como uma história interessante. De qualquer forma, a ideia desse post não é comentar o filme, mas debater o que o contexto do filme, resumido nessa frase que trago como título, discute, ou, se não discute, pelo menos gera em mim essa reflexão.


De fato, nossa vida praticamente se resume a escolhas. Estamos a todo instante encarando encruzilhadas, decidindo caminhos, optando, escolhendo e, consequentemente, renunciando, desistindo de caminhos, abdicando de sonhos.

Muitas vezes me deparo com situações em que estou dizendo essa frase para a Mariana. O canal de TV que ela assiste – Discovery Kids – é recheado de propagandas de brinquedos, momento em que, sem titubear, a Mariana aponta o seu dedo para a tela e diz: “eu quero esse”. Vejam que, por vezes, a Mariana nem mesmo sabe de que brinquedo se trata, apenas “quer” todos eles. Eu, muitas vezes, olho pra ela e digo: “filha, a gente não pode ter tudo o que quer”.

Pois bem, realmente hoje vejo que, de fato, é importante passar para a Mariana essa mensagem. Ela precisa entender que na vida fazemos escolhas, conquistamos coisas, mas as vezes o conquistar de algo pressupõe a renúncia de outras tantas e, o mais importante, que isso não necessariamente é algo ruim, frustrante. Por vezes, perder, renunciar, abrir mão é algo importante, bom e até necessário.

A nossa vida de adultos também é assim. Decido tomar caminhos e é preciso trilha-los sem olhar pra trás e pensar como seria se tomasse o caminho oposto. É claro que posso corrigir o curso da vida, mas não posso viver a escolha que faço sofrendo e pensando que poderia ser melhor se tivesse seguido por outro caminho. Mais, preciso entender que realmente “a gente não pode ter tudo na vida”. Como nos traz aquela conhecida passagem da Bíblia, não posso servir a dois senhores. Quer dizer, não é possível imaginar que posso pregar o amor, pregar a paz e ao mesmo tempo alimentar o ódio por aquele que me fez mal ou assistir inerte a violência como é o racismo, a homofobia, etc.
Portanto, é preciso escolher os caminhos e vive-los em plenitude, aceitando as renúncias, compreendendo as perdas, mas recolhendo as vitórias que a escolha traz e celebrando os momentos cotidianos, que são, afinal, a possibilidade que nossa humanidade nos proporciona de construir felicidade.

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Meire disse...

"Eis que ponho diante de ti dois caminhos..." Disse o Senhor aos hebreus, mas sei que, essa escolha serve pra todos nós.
Temos a cada instante da nossa vida o poder da escolha; escolher entre o bem e o mal, luz ou trevas, vida e morte...