"Santidade não é ser estranho; é ser humano, é ser feliz"

01 novembro 2010



De setembro pra cá, fiz dois shows com o meu compadre Grecco. Um bem light, na livraria nova, e outro mais encorpado no último sábado em Gravataí. Me chamou a atenção que nos dois shows o Grecco falou de santidade ao introduzir a música "Reina Sobre Mim". Interessante que ele falou coisas diferentes em cada um dos shows, mas sempre trazendo um sentido para o termo "santidade", que achei que valia a pena refletir aqui no blog.

Depois do que o Grecco falou, fui pesquisar um pouquinho, buscar as palavras do Pe Fabio de Melo, referidas por ele no show, pesquisar sobre a vida de Chiara Luce Badano, também referida por ele, assim como buscar também minhas impressões sobre o assuntos e tudo aquilo que me lembro ter ouvido sobre isso.

Lembro que sempre que ouvia falar em santidade ficava muito incomodado, pois a santidade pra mim sempre foi algo muito distante, meio impossível. Não conseguia enxergar pessoas como eu na condição de santos. Quando pensamos em santidade pensamos logo em perfeição. Não é isso? Eu pelo menos pensava assim. De fato, Jesus nos chama a sermos santos, mas para sermos santos não é preciso ser perfeito. Perfeito é algo já acabado, finalizado, que não precisa mais ser mudado. Esse conceito não fecha muito com a própria condição humana, que é exatamente caracterizada pela imperfeição, pela falibilidade. Foi aí que, no dia do show de lançamento do CD do Grecco, em que eu estava lá na Canção Nova com ele, escutei uma frase dita pelo Pe Fabio de Melo, mais ou menos assim: Santidade não é ser estranho; é ser humano, é ser feliz. Foi então que a idéia começou a "bater" diferente na minha cabeça. Se santidade é ser humano, não pode ser perfeição. Então, foi ficando claro, como bem disse o Grecco no show de sábado, que santidade é processo, santidade é testemunho, santidade é caminho diário, cotidiano, de conversão. Sim, santidade é processo de transformação do coração do homem para ser semelhante a Jesus. Santidade não é um fim em si mesmo, ninguém busca (ou não deveria buscar) a santidade apenas para ser santo. A santidade é o meio de voltarmos a ser imagem e semelhança de Deus. É um processo de evolução contínua, é ter consciência da própria fragilidade. Viver a santidade é trabalhar o que é frágil em nós, buscando ser melhor. O próprio processo da melhoria já é a vivência da santidade. O Felipe Aquino escreveu que nos santificamos pelos sofrimentos, pela vivência familiar como pais e filhos cumpridores de nossa missão; pelo trabalho realizado com amor. Ou seja, o processo de santidade é um processo de humanização, para ser mais santo é preciso ser mais humano.

Essa ideia traz outras transformações também muito interessantes em razão daqueles conceitos que tínhamos anteriormente sobre santidade. É só ver o que diz o Papa Bento XVI: ser santo é tarefa de todo cristão, de todo homem. Ou seja, a santidade é vocação universal. A santidade é para todos e não apenas para alguns "eleitos". A santidade como vocação do homem. O Papa João Paulo II também já havia se manifestado sobre isso: não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda a autêntica aspiração do coração humano.

Tudo bem, até aí tudo bem, mas, afinal, como fazer para viver esse processo, como afinal seremos santos? É simples, viver a santidade é viver a radicalidade do amor. Vejam que muitos confundem a palavra "radical" com exagero. Ser radical não significa ser exagerado, ser radical significa estar ligado à raiz, ou seja, é ser coerente. Para os cristãos, a raiz é Cristo, portanto, ser radical significa estar ligado a Cristo, seguir seus ensinamentos. É preciso a atitude de amor. É preciso amar ao próximo, mover-se em direção ao próximo. O ser humano não nasceu para ser sozinho, nasceu para partilhar, nasceu para amar, nasceu para ser feliz. Para quem viu o filme Na Natureza Selvagem (o qual já foi objeto de reflexão nesse blog), vai lembrar da frase que resume o filme: a felicidade só é verdadeira quando compartilhada. Portanto, santidade também é mover-se em direção ao outro, em direção ao amor e à felicidade.

É disso que trata a frase do Pe Fabio de Melo referida no início do texto. Não precisamos nos afastar do mundo para sermos santos, não precisamos deixar de fazer o que fazíamos para sermos santos, pelo contrário, precisamos é buscar a santidade naquilo que fazemos, no nosso trabalho, no nosso estudo, na nossa vida familiar, com nossos amigos. É a vivência humana e cotidiana, o caminho diário de conversão que me leva a verdadeiramente viver a santidade.

O que vocês pensam sobre isso?

1 Comente aqui:

Humberto disse...

Isso mesmo Zuzu. Também estive presente nas duas oportunidades e, por sinal, tentamos promover alguns momentos para que nosso povo possa refletir sobre esse assunto.
Vendo todo aquele povo na Festa da Luz, vi que faz sentido tudo isso.
Continuemos na busca de chegarmos mais e mais próximos do Amor de Deus...