José: exemplo para os pais

08 agosto 2011


   Esse ano a minha homenagem aos pais vai ser um pouco diferente. Fui convidado para falar para o grupo do acampamento sobre paternidade, relacionando com o exemplo de São José. Por conta disso, acabei pensando muito sobre São José e sobre o seu exemplo, o que gostaria de partilhar com vocês, deixando aqui como homenagem a todos os pais.
   Me desculpo desde logo pelo tamanho do texto, mas, como elaborei isso para falar, acabou ficando um pouco mais extenso do que normalmente escrevo aqui no blog. De qualquer forma, vou tentar resumir o máximo.
   Eu nunca parei para pensar seriamente sobre o testemunho de pai de São José, só fazendo isso agora, pois fui provocado pelo pessoal do acamps. Logo de cara me deparei com algo que achei muito interessante: estava diante da história de um homem que é conhecido no mundo inteiro sem ter deixado uma palavra sequer, ou alguém lembra de algo dito por ele? José é um homem conhecido tão somente por seu comportamento.
   José não é um santo conhecido por suas pregações, por feitos extraordinários ou por ser um mártir. José foi apenas um homem comum, esposo, pai, trabalhador. Um homem calado, quase apagado pela história, que talvez tenha como sua maior virtude a de ser "apenas" um homem comum. Um homem capaz de amar, de confiar, de servir, de acreditar. Nada de extraordinário, sem grandes poderes, sem uma força descomunal, nada. Era apenas gente comum.
   Sempre que penso em José, lembro daquela cena linda e feliz que costumamos reproduzir em nossas casas na época do Natal: o presépio. Foi aí que comecei a pensar como foi que chegamos até ali.
   Primeiro, veio o conhecimento da gravidez de Maria. José acolheu, confiou. José nos deu ali o que resolvi chamar de ensinamento silencioso, já que não fez isso por palavras, mas como fruto de seu comportamento. Ensinou a não culpar, não julgar. Mesmo sem compreender direito o que estava acontecendo, não culpa, não julga, mas confia, acolhe.
   Depois, José precisa pegar Maria, grávida, e partir. Ao chegar ao seu destino, precisa encontrar um lugar para o seu filho nascer. Bate de porta em porta e ninguém os acolhe. Consegue apenas uma estrebaria para sua esposa dar a luz. Aqui fiquei lembrando de quando a Clarissa estava grávida. Nossos planos, a forma que arrumamos o seu quarto, escolhemos o berço, as roupinhas, os brinquedos. Fiquei pensando que José, como um carpinteiro, deve ter feito tanta coisa com suas próprias mãos. O berço, alguns brinquedos. Tudo com tanto amor, tanto cuidado, mas ele não poderia colocar seu filho naquele berço, teria que dar um jeito na estrebaria. Imagino que deve ter trabalhado bastante para deixar aquele lugar um pouco mais confortável para Maria e para seu filho que chegava. Mais um ensinamento silencioso de José: o do serviço. O serviço que não recebe elogios, não espera reconhecimento, não lamenta as dificuldades, mas fica feliz por poder fazer alguma coisa.
   Quando tudo parece calmo, os dois estão ali contemplando seu filho, felizes, José precisa novamente partir, pois querem matar o menino. Ele protamente se levanta e segue para um lugar desconhecido. Sem comida, sem dinheiro, sem as ferramentas para exercer sua profissão, mas sempre lutando para preservar sua família. Então, novamente destaco seu ensinamento silencioso: serenidade e determinação. A capacidade de recomeçar, de não desanimar, de não deixar de acreditar, de não perder a confiança.
   Não sabemos exatamente como foi José como pai, não há relatos dessa convivência com seu filho, mas o entendimento dos fatos que conhecemos me dá a certeza que José foi um homem capaz de educar seu filho pelo caminho do amor. Um homem que não culpa, não julga, que confia, que acolhe, que serve, não lamenta as dificuldades, é sereno, determinado, capaz de recomeçar, de não desanimar, de acreditar.
   Ao perceber os ensinamentos de José, compreendemos que o que fez foi amar, foi educar seu filho pelo caminho do amor. Lembram daquela definição de amor que encontramos lá na primeira carta de São Paulo aos Coríntios, está lá em I Cor 13, 4-7. Diz assim: o amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleiriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. Não é exatamente o que fez José na sua trajetória como pai?
   Como pai, sei que preciso dar o exemplo, pois as crianças aprendem, fundamentalmente, através do exemplo, o que não é fácil, pois aí conhecemos aquela parte de nós que não gostaríamos de encontrar em qualquer esquina. Através da Mariana, tenho aprendido muito mais sobre mim do que sobre ela. Todo o dia a Mariana mostra as minhas fragilidades e boa parte das vezes me indica o caminho para supera-las. Uma vez aqui na blog escrevi que os filhos são um espelho para os pais. De fato, tenho me visto nesse espelho e descoberto muita coisa bonita que não reconhecia no espelho do meu banheiro, mas também tenho aprendido a reconhecer e trabalhar as imperfeições que refletem dele.
   Por tudo isso, convido a todos os pais, junto comigo, a mirar o exemplo de José para que possamos seguir ao lado de nossos filhos no caminho do amor, assim como fez José.
   FELIZ DIA DOS PAIS!

2 Comente aqui:

Camile Hillesheim disse...

Que bonito! Sabe que aprendo a cada dia contigo... Pude ver que o pai das minhas filhas tem muito de José. Que sorte a minha e principalmente delas, que tem um pai convicto de seus princípios e que não desanima nunca.
Um feliz Dia dos Pais pra ti.
Tenho certeza que também és fundamental para tua filha e esposa.
Um abraço,
Camile

leila disse...

Eu só li hj, mas resolvi comentar porque admiro muito São José pela sua coragem, por tudo que ele suportou, pois foi desafiado ao silêncio... e como um bom filho de Deus foi obediente... indignou-se, mas rapidamente retomou a consciência e viu o que deveria ser feito e o fez! Seu exemplo é de fé!