Essa semana tem sido triste pra mim. Ver a dor de meus amigos, senti-la também, mesmo que em proporções infinitamente menores, tem me deixado um tanto triste e tenho pensado muito sobre muitas coisas.
Fico aqui pensando, pensando, tentando encontrar respostas para perguntas que não são direcionadas para mim. Fico aqui imaginando os porquês. Não encontro a resposta, não concebo qualquer teoria plausível. Não há possibilidade humana de responder certas perguntas. É assim que me acalmo. É assim que sigo em frente.
Sempre tive dificuldade em aceitar algumas frases feitas que são ditas até com certa autoridade por alguns, mas que me parecem vazias de sentido. Frases ditas e aceitas como consolo. Pra mim não consolam, não bastam, não respondem. Não creio em sua veracidade. Frases como: "Deus quis assim"; "Deus tira com uma mão e dá com a outra"; "Deus dá o frio conforme o cobertor"; "nada é por acaso"; "Deus 'permite'".
Infelizmente parece que sempre que fracassamos, sempre que vivemos um momento de sofrimento, não perdemos tempo em colocar a "culpa" em Deus. Não me entra na cabeça que Deus, voluntariamente, queira/escolha/permita que eu sofra. Afinal, Deus não é amor, aquele amor infinito, sem reservas? Por que motivo então Deus, em seu amor, "escolhe" que eu sofra se pode escolher que eu seja feliz? Por que Deus "escolheria" que alguém passasse fome, morresse de frio? Por que Deus "escolheria" que uma criança fosse espancada, abusada?
Ao mesmo tempo fico pensando: bem que Deus poderia de fato interferir em certos momentos. Poderia "não querer" certas coisas. Poderia "não permitir" outras.
Não creio no tal de destino, no "nada é por acaso", no "não era pra ser" ou no "era pra ser assim". Não dá, não fecha. Se tenho livre arbítrio, como posso estar marcado? Como pode alguma coisa ter dia e hora pra acontecer? Por que não tenho ingerência sobre o meu destino? Será que somos apenas joguetes de Deus? Marionetes manipuladas pra lá e pra cá para satisfazer a vontade de Deus? Será que somos personagens de um tipo de novela global, na qual já sabemos o fim de cada personagem mesmo antes dela começar? Não posso aceitar que sim. Tem que ter algo a mais. Se somos dignos do amor de Deus, não seríamos nós meros espectadores de nossas vidas.
Enfim, a única conclusão que consigo chegar e única resposta que consigo aceitar, é que não há respostas para todas perguntas. Pelo menos não há respostas que minha humanidade compreenda.
Não me consolo, não aceito, pois não sou capaz de compreender. Por isso, procuro viver pensando que as respostas que eu não tenho são muito mais do que mero "desejo" divino, são de fato respostas que não tenho, não terei e que não devo busca-las desesperadamente como tenho feito em alguns momentos da minha vida. Devo seguir vivendo, amando, confiando, entendendo que há coisas que não posso mesmo compreender.
6 Comente aqui:
Firi,
Lindo texto, sábias palavras, perguntas pertinentes...
Certas coisas não têm explicação, são difíceis de aceitar e, assim como tu, não consigo me contentar com as frases feitas.
Elas não consolam, elas não explicam e, muitas vezes, não diminuem a dor...
Impossível não questionar tudo após os acontecimentos.
Assim como tu, estou muito triste...
Pois é Zuzu, eu e a Gi também ficamos muito tristes essa semana, sentimos novamente em nossos corações a dor e o sofrimento vivido a um ano atrás.
Há muitas perguntas, pouquíssimas respostas, mas uma certeza me consolou: Jesus chora conosco!
Recentemente, em uma conversa com o Pe. Eduardo, sobre a passagem do Livro de Jó. Quando tiram tudo de Jó e ele ainda exalta: "O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!". Confesso que é impossível dizer isso em determinadas situações. No entanto, a fé de Jó e sua esperança em Deus, faz com que, ao final, Deus lhe restitua tudo que perdeu, inclusive os filhos que tinha perdido... Então, o Pe. Eduardo, arrematou: Deus lhe deu outros filhos, mas aqueles que faleceram não foram ressucitados, ali, naquele momento... no entanto, aqueles filhos serão plenamente restituídos na ressurreição, na plenitude dos tempos... EU CREIO.
Obrigado Senhor, que nesse tempo de dor, minha esposa permaneceu ao meu lado e não permitiu que nossa fé se apagasse. Amém!
Enfim, um desabafo, uma oração, uma reflexão.
Valeu Zuzu pelas tuas palavras!
DiegoL
Com as coisas que vão acontecendo em minha vida nos ultimos anos, aprendi que para que possamos "tocar a nossa vida" sem neuras, culpas e indignações, aceitar o que aconteceu é o básico, sem querer entender, sem porques e e se??? .... Não adianta procurarmos respostas, elas aparecerão no decorrer de nossa vida, pode ser passando um mês, um, dois, dez anos .... se pararmos para buscar as respostas, deixaremos de ver as janelas que vão se abrindo a cada dia e nestas janelas poderemos encontrar o que buscamos.
Quando meu filho partiu, um pedaço de mim foi junto, mas nestes 7 anos aprendi a aceitar que sua missão na terra acabou e que Deus, na sua bondade infinita, o escolheu para algum trabalho mais especial. Entender o porque, isto eu não faço mais. Culpa, já passou, de que vai adiantar pensando se eu não tivesse deixado ele ir .... se eu, não existe ...
Aprendi a ver a morte como um reinicio e não como um fim.
Não parei no passado. Vivo o presente. Tenho minhas duvidas, minhas perguntas, meus porques com certeza, mas não deixo de viver a minha vida e ser feliz. E aqueles ditos antigos, eu acredito, de verdade, que Deus nos dá a cruz do peso e tamanho que podemos carregar.
E quanto as perguntas e respostas, deixo um pedaço de uma musica dos Engenheiros do Hawai - Quanto vale a vida
"São segredos que a gente não conta
São contas que a gente não faz
Coisas que o dinheiro não compra
Perguntas que a gente não faz
Quanto vale a vida?
Nas garras da águia
nas asas da pomba
Em poucas palavras
no silêncio total
No olho do furacão
na ilha da fantasia
Quanto vale a vida? "
Fernanda
Lindas palavras Zuzu.
Impressionante como você expressou exatamente o que eu sinto, penso e busco entender muitas coisas...
Fique em paz.
Beijo grande.
Dany.
Oi! Sei que esse texto trata de outro assunto, mas não posso deixar de remeter ao Luigi e o sofrimento do Giovanni. Ele procura respostas e eu gostaria de encontrá-las e dar a ele. Mas, não adianta... ele terá que descobri-las. Sua revolta é muito grande, pois ele coloca que Deus permitiu que o Luigi sofresse e isso ele não pode aceitar e cita: "qual o pai que dá ao seu filho uma serpente se ele lhe pede pão?". Zuzu, copiei o teu texto e estou enviando ao Giovanni para reflexão. Tu sabes que ontem teve a missa e a decisão da família agora é celebrar a data do aniversário do Luigi, que é dia 8/12 (Dia de Nossa Senhora da Conceição). Celebrar a intensa vida que ele teve junto de nós. bjão
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