Eleições (des)proporcionais

06 outubro 2010


Amigos,

Mais uma eleição nas nossas vidas. A festa da democracia, como dizem muitos. Tenho lá minhas dúvidas, mas tudo bem. A questão que tenho conversado com muita gente nessa semana é o nosso sistema para as eleições proporcionais, que costumo chemar de eleições (des)proporcionais. Um sistema capaz de eleger deputados federais com menos de mil votos, como no último pleito em que o Enéas levou meia-dúzia de "sabe-se-lá-quem-são" para a Câmara Federal. Esse ano fala-se muito no Tiririca, sua suposta "falta de estudo" e aqueles que, se aproveitando de seus votos, acabaram por ser eleitos.

No Rio Grande do Sul não é diferente. Manuela e o seu "e aí, beleza!" conquistaram quase meio milhão de votos, que foram capazes de eleger para a Câmara de Deputados um cidadão com pouco mais de 28 mil votos, enquanto candidados como Luciana Genro, por exemplo, com quase 130 mil votos, ficaram de fora. Aí eu pergunto: como explicar pra minha filha de 3 anos que a candidata que recebeu 130 mil votos não se elegeu, enquanto o que recebeu 30 mil está lá na lista de eleitos? Como farão as professoras primárias para explicar que matemática é uma ciência exata, se terão que explicar que 30 mil é mais que 130 mil? Como explicar que a escolha dos nossos representantes se dá pela vontade do povo através do voto? Será que a vontade daqueles 30 mil são mais valiosas que a vontade dos outros 130 mil? Será que aqueles que votaram na Manuela queriam votar também naquele outro candidato? Pois foi isso que fizeram ao votar na candidata da sua preferência. Como farei pra explicar aos meus amigos que me perguntam (pelo fato de eu ser advogado e supostamente saber interpretar as leis) o que significa o que está no parágrafo único do artigo 1º da Constituição da República, quando diz: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos"? Era vontade do povo eleger um deputado federal com 28 mil votos e não eleger um deputado federal com 130 mil votos? Não sei mais o que dizer. Estou muito confuso com isso.

O pior de tudo é que não dá pra esperar que isso mude tão cedo, pois aqueles que fazem as leis são exatamente os mesmos que se beneficiam desse sistema totalmente desproporcional.

Socorro! Alguém me ajude!

2 Comente aqui:

Marcinha disse...

Concordo contigo, mas infelizmente não posso te socorrer...apenas divulgo o site !!! abração!
Marcinha

Meire disse...

Socorro²!
Lembra do "Ficha Limpa?", pois é, acompanhei a votação do STJ, e quando o ministro Gilmar Mendes discursou quase surtei!
Hoje as palavras dele ecoam na minha mente: "As vezes a maioria pode ser tirana." A maioria, nesse caso eleitores do Tiririca e Manuela, reperesenta a tirania contra a minoria.
Hoje, embora não concordando totalmente com o ministro Gilmar Mendes, que usou como pretexto um texto fora do seu contexto, percebi a maioria sendo tirana com uma minoria.
Precisamos repensar várias coisas em nossa cidadania e em nossas leis isso é um fato, mas enquanto isso não podemos esquecer que já estamos em outubro e uma grande parte da população está trabalhando arduamente em prol do carnaval...