Durante essa semana aqui no Rio Grande do Sul o assunto mais comentado foi a baleia Jubarte que encalhou no litoral norte. Vimos muita gente penalizada com a situação daquele animal, mesmo sem entender bem qual seria o motivo dela estar por aqui nessa época. Eu mesmo não entendo. Li que é uma rota para a Bahia. Alguns dizem que ela não está na idade de reproduzir, portanto não deveria estar por aqui. Outros ainda dizem que por vezes elas se retiram exatamente para morrer. Não sei bem e nem é este o motivo do meu post.
Na verdade tenho pensado muito sobre essas coisas e sobre as nossas reações frente a episódios como esse. A capacidade de mobilização de pessoas e recursos para "salvar" uma baleia nessa situação, o espaço na mídia que é reservado para fatos como esse e o sentimento das pessoas em relações a esses pobres animais que passam por situações como essa.
O que me incomoda é que não temos essa mesma capacidade de indignação e de mobilização quando o assunto é "salvar" homens. Somos capazes de assistir no dia-a-dia pessoas "encalhadas" nas esquinas, debaixo de folhas de jornal e caixas de papelão sem nem mesmo ficarmos incomodados. Por vezes até mudamos de rumo e atrvessamos a rua para não sentir o mau cheiro ou porque provavelmente se tratem de bandidos prontos para levar as nossas coisas, o nosso patrimônio.
Fico pensando. Por que não somos capazes de reagir contra o fato de todo o dia encontrarmos milhares de homens, mulheres e crianças "encalhadas" nas esquinas de nossas vidas? Por que não temos manchetes nos jornais todos os dias? Por que não somos capazes de rapidamente mobilizar pessoas e dinheiro para a missões de salvar homens? Não são eles nossos irmãos? Não devemos amar o próximo? Não são estes nosso próximo?
Não sei bem o que fazer e como fazer, mas creio que precisamos pelo menos começar a discutir esse assunto. Não dá mais pra conviver comigo mesmo, amar minha mulher, minha filha, meus amigos e ao mesmo tempo desprezar outros seres humanos e aceitar que sejam tratados sem nenhuma dignidade, sem nem mesmo compaixão. Me ajudem, digam algo!