O Filosofar infantil

27 maio 2010


Engraçado como as pessoas têm dúvidas sobre o que é Filosofar. Eu mesmo as tenho e acredito que inclusive algumas pessoas consideradas filósofos não estão bem certos do que é. Será que estou errado?

Pois bem, ando pensando que Filosofar é uma característica essencial do ser humano. Fazemos isso reiteradas vezes, principalmente na infância. Filosofar é uma forma da criança compreender o mundo, formar conceitos sobre as coisas, compreender a realidade. O problema é que nós, pais, acabamos não sabendo valorizar muito essa característica e, por vezes, até acabamos por travar esse processo, por preguiça talvez, por falta completa de paciência, ou simplesmente pelo fato de sermos os grandes conhecedores da "verdade" sobre todas as coisas.

Tenho vivido isso com a Mariana. Ela está entrando na fase do Filosofar. A técnica filosófica me parece ser inata. A criança passa o tempo inteiro buscando apreender concretamente os nexos entre o conhecimento e a realidade. Faz isso desde quando ainda nem sabe falar ou engatinhar.

A Mariana está começando a perguntar sobre tudo. Por que isso? Por que aquilo? Nunca uma explicação basta, sempre há um novo porquê. Os conceitos vão sendo construídos através desse cem número de porquês.

O que é a Maiêutica Socrática se não o comportamento de uma criança? Fico imaginando o que fez o pai de Sócrates quando ele apresentava suas questões e construia seus conceitos. Será que simplificava as respostas ou simplesmente "dava" o conceito pronto ou se permitia construir novos conceitos com seu filho? Me perece que a segunda hipótese, pois Sócrates seguiu utilizando o mesmo método infantil, tornando-se um dos mais importantes Filósofos da história.

Outra característica fundamental que as crianças aprensentam no seu processo de Filosofar é que não têm pré-conceitos que atrapalhem a construção de novos conceitos e de formas novas de observar a realidade. Creio que é aí que os pais têm papel fundamental, pois devem encorajar seus filhos a procurar compreender o mundo não apenas através de conceitos pré-concebidos. Precisamos libertá-los desse jugo das idéias prontas.

E viva a liberdade de pensamento.

Será que enlouqueci? Digam aí!

1 Comente aqui:

Arq. Ari Acioli disse...

Oi Felipe, faz tempo que não comento aqui, desculpa aê...! Li o teu texto e lembrei de um fato bem recente. Eu estava passando um dia com um grupo variado de pessoas, vários casais, alguns com seus pimpolhos a tiracolo. As crianças brincavam e corriam.
A um determinado momento, cruzei com um dos guris, de 5 anos, e que de improviso me propõe a seguinte questão: "Sabe porque, pior que uma criança se perder, é os pais se perderem?". Eu, chocado, branco, com a mente paralisada em meio àquele dilema universal, só tive chance de responder: "não, não sei... porque?".
Placidamente ele setencia: "Pior que uma criança se perder é quando os pais se perdem. Pois quem vai cuidar daquela criança?"
Hã? Tóin!! Cuma?

Sabe lá Deus como aquele piolho de gente conseguiu Filosofar, como tu dizes, daquela maneira, com tanto engenho...???