Dia das Mães

06 maio 2010

Domingo é o Dia das Mães, como se fosse necessário indicar um dia para que as mães fossem homenageadas. Conhecemos bem a mentalidade comercial que institui esse tipo de datas. Eu resolvi não mais brigar com essas coisas, mas fazer uma limonada doce desse limão amargo. Me dei conta que realmente a gente até precisa de datas como essa, pois esquecemos de dizer o que pensamos para aqueles que amamos e nesse dia a gente acaba lembrando.

Quando penso em falar de mãe, penso nas três mães que realmente fizeram e fazem diferença na minha vida: minha mãe Sandra, Clarissa minha esposa e mãe da minha filha e a nossa mãe Maria.

Não há como falar de mãe sem confundir no texto a palavra mãe com a palavra amor. As mães aprendem - se ainda não sabiam - o real sentido da palavra amor desde o dia em que descobrem a sua gravidez. As mães, primeiro que todos os outros, compreendem o significado do princípio da não-contradição de Aristóteles. Santo Agostinho tratou desse princípio sob o olhar da justiça quando disse que: não é possível ser justo comigo mesmo se sou injusto com o outro. Eu diria que as mães compreendem esse princípio através do amor. As mães diriam: não é possível amar a mim mesma se não amo o outro. Alguma mãe aqui ao descobrir sua gravidez não aprendeu a se amar mais na mesma medida que amou seu filho? Estou contando alguma mentira aqui?

Só as mães são capazes de amar a imperfeição e os defeitos de seus filhos sem qualquer tipo de reserva. Têm duvida disso? Experimentem ir até o presídio em horário de visitas e verão as mães dos presos por lá, afagando-lhes os cabelos, abrançando-lhes com carinho. Quando alguém está condenado pelo mundo, desprezado pela humanidade são as mães que estão por lá para oferecer um olhar, um carinho.

O filho chega até sua mãe sem riqueza, sem sucessos, sem títulos. As mães amam seus filhos pelo que são e não pelo que têm. Esse é o grande lagado das mães para a humanidade.

Minha mãe não podia mais falar, não tinha controle sobre seu corpo, mas ainda assim era capaz de me olhar com aquele olhar amoroso que embala o filho desde o primeiro dia de vida. O olhar de minha mãe me fez olhar para minha filha nos seus primeiros dias de forma diferente. Entendi que para o amor as palavras não são necessárias. Não precisava ouvir de minha filha um "eu te amo papai", pois o amor transcende a palavra, o amor é amor simplesmente.

Tudo isso é verdade, mas também é preciso vigiar e tomar cuidado para que não façamos coisas ruins em nome do amor, com boas intenções e poucas reflexões. São Tomás de Aquino disse que um ato só é humano se for livre. Pois bem, o amor das mães então deve ser um amor libertador, que encoraja o filho a espalhar esse amor pelo mundo e não aprisiona-lo apenas para satisfazer a sua necessidade de se sentir bem. O desafio dos pais da pós-modernidade é dar espaço aos filhos para amar, para dar e não apenas receber. Não há como ser feliz sem a experiência da entrega.

Algumas mães têm, por vezes, um certo medo de errar, medo de não estar fazendo certo, medo de que seus filhos não se tornem boas pessoas. É aí que entra a terceira mãe da minha lista, que bem poderia ser a primeira da lista: Maria. Mães, se querem saber o que fazer para ser uma boa mãe, voltem seus olhos para os olhos de Maria. Amem como Maria e não terão chance de errar.

Se você não é mãe, mas é filho, vá até sua mãe, abrace ela bem forte, diga o amor que tens por ela, fale sobre seus sentimentos com ela, ame a sua mãe e deixe-se amar por ela. Se sua mãe não está mais por perto, como no meu caso, lembre-se dela com carinho, divirta-se com as histórias que ela contava, a saudade é a melhor forma de manter alguém vivo dentro de nós.

Se você é mãe, abrace seu filho, ponha ele em seu colo como fazia na infância, beije o rosto, afague seus cabelos, cante uma música de ninar, fale pra ele do seu amor.

Essa é a cura para todos os males da humanidade. Sejamos todos nós ministros desse amor.

Desejo a todas as mães, em especial à Clarissa, um feliz e abençoado dia das mães.

3 Comente aqui:

Clarissa disse...

Muito lindo, me fez chorar...
Ser mãe é realmente maravilhoso, é sentir o amor maior de todos os amores.
Obrigada pela homenagem.

Jeferson Cardoso disse...

Olá Felipe, estou aqui em uma visita relâmpago, vim lhe convidar a ler o novo capítulo de “O Diário de Bronson (A Continuação de O Chamado)” e deixar o seu comentário.
Retornarei com melhores modos. Tenha uma boa semana.
Abraço do Jefhcardoso!
http://jefhcardoso.blogspot.com

Ronald Augusto disse...

felipe, o sofrimento produz poemas, sim. mas não sei se os melhores. nessa visão de poesia está implicada uma hagiografia do poeta. o poeta é fingidor (f. pessoa). abraço.