Síndrome Gre-Nal

15 fevereiro 2011



Li essa semana um trecho de um texto do Dom Dadeus que trata da Síndrome Gre-Nal, o qual transcrevo abaixo.

É difícil situar-se no justo meio termo. Os radicalismos são sempre incisivos. Sentimos fortemente a síndrome do Gre-Nal. Não se consegue pacificamente ser a favor de um sem posicionar-se com igual força contra o outro. Então se calcula a alegria e a tristeza, o amor ou o ódio, por percentagens: alguém 50% gremista é consequentemente também 50% anticolorado e vice-versa. Isto vale na política, no relacionamento humano em geral.”

Sempre tive essa sensação também, mas o pior é que a síndrome não está relacionada exclusivamente ao futebol e isso preocupa. Aqui no Rio Grande do Sul esse tipo de pensamento maniqueísta é muito evidente.

Na política, temos apenas duas possibilidades: ou és do PT ou és antiPT. É simples de entender, mas as consequências são devastadoras. O problema maior, na minha opinião, não é o eleitor pensar assim, mas os próprios agentes políticos se determinarem por essa convicção. Os governantes governam sob a égide da síndrome GreNal. Os opositores fazem oposição com essa mensalidade. Quem perde? Nós, cidadãos, que ficamos em meio a essa falsa contraposição de bem e mal. Felizmente, aos poucos, estamos entendendo, principalmente através da experiência nacional, que há bem e mal em todos os partidos. Que existem bons e maus políticos em todos os partidos. Que há boas e más políticas em todos os governos. Só nos falta entender que fazer oposição não significa torcer para que o governo afunde (assim como torcemos para que o "coirmão" seja derrotado), mas significa fiscalizar e até denunciar as práticas do governo para que o bem maior (bem-comum) seja preservado. Será que será possível desvincular a política da síndrome?

Nas nossas relações cotidianas não é diferente. Não são raras as vezes que se utiliza a máxima: "se não é meu amigo é meu inimigo". Assim, fomentamos o ódio, a violência, o preconceito. Assim fazemos com a cor da pele, com a condição sexual, etc. A síndrome GreNal nas relação humanas indica que não somos capazes de conviver com a diferença, de conviver com a opinião diversa da nossa, que não suportamos que a nossa opinião não seja a "verdade". Assim, maltratamos os que não pensam como nós, subjugamos aqueles que não têm a mesma cor da nossa pele, ridicularizamos os que não têm a mesma condição sexual que a nossa. Ódio, ódio e ódio. Assim, vivemos as nossas vidas imaginando a fantasia que temos as respostas corretas e caminhamos nos caminhos certos, enquanto "os outros", por não caminharem conosco, estão errados. Por que, afinal, não podemos ter mais de um caminho para o bem? Por que não somos capazes de entender que as pessoas podem ser felizes fazendo as coisas de modo diverso do que fazemos?

Espero a partir de agora limitar a minha doença (síndrome) às quatro linhas. E vocês?

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